Opinião: Depois de O Jogo, chega-nos a aguardada sequela Vibração, oferecendo ao leitor novos desenvolvimento na trilogia O Jogo da autoria do escritor sueco Anders de la Motte.
Comparativamente a O Jogo, do qual gostei bastante, posso afirmar que ainda gostei mais de Vibração.
Esta sequela tem lugar catorze meses depois dos acontecimentos do primeiro livro. E mostra o protagonista Henrik Petterson num ambiente inicialmente idílico ainda sem saber os alucinantes acontecimentos que o aguardam.
Por outro lado, Rebecca Normén, a outra protagonista, cuja
personalidade está nos antípodas da de Henrik, está também a braços com
um dilema, pelo que a trama se vai desenvolvendo em torno destes dois
protagonistas, ambos sob provações, permitindo ao leitor acompanhar as subtramas em simultâneo.
Quem leu O Jogo, sabe que Henrik é um personagem muito peculiar, buscando incessantemente o conflito e envolvendo-se em situações de risco, demonstrando um comportamento simultaneamente hedonista e estoico. Em Vibração, Henrik, protagoniza, inclusive, um episódio caricato de
cariz mais sexual que me fez soltar algumas gargalhadas, algo que não
acontecera em O Jogo, mostrando, desse modo, que pode haver algumas
cambiantes na narrativa de uma sequela comparativamente à obra original.
Na minha opinião, um dos pontos fortes da obra reside precisamente nas suas personagens e na forma como estas evoluem no meio de tantas crises, em especial Henrik. Com base noutras opiniões que li sobre a obra de Anders de la Motte penso até que é consensual o facto de a personalidade deste protagonista despertar alguma
irritação no leitor, uma vez que, pelas razões acima expostas, manifesta características que
impossibilitam uma empatia por parte de quem lê o livro. Contudo, é
uma personagem que acaba por encontrar a redenção tal como já acontecera em O Jogo.
O enredo, que no primeiro livro estava restrito às funcionalidades do telemóvel, mostra ter proporções maiores em Vibração, acabando por ser o universo desta última obra a que mais me surpreendeu, concretamente através da introdução, na narrativa, dos mecanismos de actuação de uma empresa (ainda que fictícia) no ramo da tecnologia, a ArgosEye, acabando o referido enredo por assumir contornos de grande verosimilhança.
Como blogger e utilizadora assidua da internet não considerei o trato do tema enfadonho, pois creio que para navega no mundo da internet, facilmente sentir-se-á cativado por esta história onde são explorados os limites de uma situação algo corriqueira nos dias que correm: de que forma os
comentários anónimos num fórum podem desencadear comportamentos de desobidiência civil. O tema da privacidade é também fortemente
analisado e salienta o quão susceptíveis estão aqueles que não têm pudor em expor as suas vidas pessoais nas redes sociais, explorando também o poder dos blogues e a forma como estes conseguem mover massas em prole das suas crenças, ainda que o seu autor permaneça no anonimato.
Por ser repleto de acção, Vibração é um livro de ávida leitura pois estamos perante uma conspiração a nível cibernético algo que me parece totalmente diferente da afamada conspiração de cariz político ou religioso.
A avaliar pelos dois primeiros volumes, a trilogia O Jogo parece-me também bastante distante dos aclamados policiais nórdicos, tendo em conta o protagonismo que é dado à temática da tecnologia e ainda ao facto de ser uma história repleta de acção, pois embora não seja uma narrativa que demonstre uma violência gráfica, a mesma é composta, como já referido, por várias sequências de acção.
Sem querer levantar muito o véu, sempre poderei dizer que iremos assistir em Vibração a um alargamento da trama de O Jogo a uma escala maior, sendo que as características dos protagonistas Henrik e Rebecca irão acompanhar esse crescimento exponencial tornando a narrativa mais emocionante, facto que terá contribuído para que gostasse ainda mais deste volume do que do primeiro.
Posto isto, mal posso esperar para ler Bolha e desvendar a conclusão desta trilogia que poderei sintetizar como sendo diferente mas deveras empolgante.
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