sábado, 6 de setembro de 2014

Joakim Zander - O Nadador [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Normalmente dentro do género policial, recorro com pouca frequência ao subgénero da Espionagem. Sabendo de antemão que esta obra pertence a este género, senti curiosidade pela mesma uma vez que o seu autor é sueco, pois como saberão os meus seguidores de longa data, tenho um fascínio por policiais "que vêm do frio".

O Nadador é então uma estreia (promissora) de Joakim Zander e, pelo que li, aguardo com alguma ansiedade a publicação de mais livros deste autor.

A trama reportou-me um pouco para o filme O Fugitivo, protagonizado por Harrison Ford, na medida em que estamos perante um cenário no qual uma pessoa inocente é acusada de um crime. Porém, na presente obra, o leitor  desconhece à priori o que motivará a fuga do personagem Mahmoud Shammosh. Sabe-se, no entanto, que o jovem árabe está envolvido numa conspiração e que esta é, possivelmente, a nível mundial.

Portanto estamos perante uma trama plena de perseguições prendendo-nos de tal forma que damos por nós em ávida leitura e incapazes de pousar o livro. Como tal, parece-me ser uma história extremamente adequada a uma adaptação cinematográfica.
Não obstante o ritmo frenético com que a narrativa se desenrola, a mesma contém também temas mais pessoais e introspectivos como a vingança, a redenção e o poder do amor.

Queria ainda destacar dois pontos do enredo que considerei particularmente interessantes e intelectualmente desafiantes: Em primeiro lugar, somos colocados perante a dúvida sobre a identidade do nadador, pois na nossa qualidade de leitores vamos recebendo algumas informações sobre o mesmo através de capítulos intercalados na narrativa. Vão sendo revelados alguns dados, embora insuficientes a ponto de permitir a identificação deste personagem.
Em segundo lugar, conforme já referi anteriormente, acompanhamos a perseguição alucinante do jovem de origem árabe, dando por nós a questionar o que terá feito um rapaz universitário e aparentemente estudioso e aplicado.

As personagens principais são cativantes: Mahmoud, um jovem árabe que se encontra a escrever a sua tese na universidade de Uppsala na Suécia tem uma cultura diferente à de Klara, a outra protagonista. É minha convicção que a formulação deste personagem tem muito a ver com o efeito da globalização, um tema bastante actual e que nos remete para a constante circulação de pessoas oriundas de vários espaços do globo em espaço europeu.
Em antítese temos Klara Waldeen, uma orfã de naturalidade sueca que vive em Bruxelas e trabalha como assessora política. As características desta última personagem levaram-me a crer que Zander se terá baseado na sua própria experiência na construção da personagem de Klara, conferindo-lhe, desse modo, uma maior profundidade e embora esta personagem seja sueca, o autor não cingiu o espaço narrativo ao território sueco, sendo que, para mim, um dos pontos mais interessantes assenta precisamente na multiplicidade de cenários.

Como referi na questão da globalização, a trama foca alguns pontos contemporâneos como o abuso de poder, a infracção de informações secretas via internet por intermédio de hackers e alguma intriga política, embora diferente das habituais teorias da conspiração que acabam por se tornar monótonas.

Em suma, posso afirmar que gostei muito de O Nadador, pelo interesse da trama e pela leitura ávida que me proporcionou, sendo também uma obra que me abriu os olhos para um género que até então tinha ignorado. É possível que muito brevemente me abalance na leitura de mais tramas de espionagem.


3 comentários:

  1. Acabei de comprar este livro e vou começar a sua leitura. Vera, se queres enveredar por este género tens de ler as obras do “mestre” John Le Carré.
    Acabei de ler “A Casa Negra”, depois de ver a tua recomendação. Penso, no entanto, que ainda não fizeste nenhuma crítica acerca dele. Como o blog é teu, não me quero alongar muito. Contudo, gostaria de dizer que esta obra é, simplesmente, fantástica. Já agora ,gostaria de pedir à Presença, que julgo que é a dona da Marcador (se estiver errada peço, desde já as minhas desculpas) para não colocar comentários na capa do género daquele que colocou neste livro. É que, sendo um livro que toda a gente que gosta de boa literatura (e repara que não estou a falar só de policiais!) deveria ler, com aquele tipo de comentários, pode afastar muitos leitores. Eu só o comprei porque tu fizeste aqui a divulgação (e eu confio nas tuas escolhas LOL).

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  2. Olá UmaMaria

    Como estás? Ainda me lembrei de ti um dia destes por causa da sugestão das tertúlias, vou atirar uma data a ver se as pessoas aderem :)
    Estou muito curiosa com as obras de John Le Carré especialmente após ter visto a adaptação cinematográfica de Um Homem Muito Procurado ;) Acho que vais gostar muito d´O Nadador ;)

    Em relação à Casa Negra, foi um livro que divulguei mas ainda não o li. Gostaste? Já ouvi críticas favoráveis e outras menos favoráveis em relação ao mesmo... Mas como tu tens gostos semelhantes aos meus, já percebi que devo arriscar ;) Vou voltar a por o livro na mesinha de cabeceira :)
    Pois, os rótulos... ontem acabei de ler Não Digas Nada, rotulado como o novo Gone Girl, imagina. Eu percebo que se queiram aliciar mais leitores mas um livro é sempre único. Por acaso tb não acho grande piada aos rótulos.

    Obrigada pela tua mensagem! Fiquei curiosíssima com o livro ;)

    Beijinho e boas leituras!

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  3. Acabei “O Nadador” e posso dizer que gostei bastante. É uma primeira obra, vê-se bem. Contudo, penso que este autor tem futuro. Apesar disso, e dentro do género do thriller de espiões (repara que não estou a falar de romances de espionagem!), existe um mestre que é o Daniel Silva e que não posso deixar de referir.
    Mas o nosso Joakim tem todos os trunfos para se tornar um bom romancista. Não pode é matar os seus protagonistas em todas as obras porque, assim, não “fideliza” o leitor. Existe alguma incongruência, do ponto de vista formal do romance, que o nadador escreva na primeira pessoa, até uma certa altura do romance e, depois, morra! E a filha não é uma personagem simpática, sinceramente. De quem gostei muito foi do Charles! Ora aí está um bom “character”.
    Mas gostei do livro!

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