sábado, 21 de fevereiro de 2015

Hannah Kent - Últimos Ritos [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Últimos Ritos de Hannah Kent relembrou-me um filme que vi, há muitos anos atrás, de seu nome Dead Man Walking por abordar o tema da pena de morte. No entanto, existe algo que distingue esse filme desta obra: o contexto temporal.
Baseado em factos verídicos, este livro conta a história de Agnes Magnusdóttir, a última condenada à pena capital na Islândia em 1830. 
De ritmo moroso, a obra relata os seis meses finais de vida da protagonista, que fora condenada à morte por decapitação por ter assassinado dois homens. Ainda que contemple estes homicídios, Últimos Ritos é uma obra que se distancia do género policial.

Esta é uma trama bastante linear, que prima pela ausência de grandes reviravoltas. Sabe-se que, efectivamente, o destino de Agnes é a morte e a história vale pela redenção da personagem bem como, para uma aficionada como eu pela Escandinávia, pelos cenários maravilhosos e frios que a Islândia proporciona.

A grandiosidade deste livro reside, sobretudo, na escrita da autora. É sublime, quase poética, sabem? Aliás, Kent incluiu alguns poemas islandeses e a sua tradução, para que possamos apreciá-los devidamente. Além disso, denota-se um trabalho de pesquisa exímio. Não deve ser fácil reunir tantos pormenores quando se passaram quase duzentos anos sobre este acontecimento. Mas a autora fê-lo e para tornar a narrativa ainda mais verossímil, apresenta alguns documentos de época.

A obra está escrita sob três perspectivas: a da família com quem Agnes fica nestes seis meses que antecedem a sua morte, a do reverendo cuja função é conduzi-la espiritualmente e a da própria Agnes. Existem, portanto, três formas de encarar a mesma personagem e são subjectivas. Confesso que eu própria, também me deixei influenciar sobre como era vista a protagonista. Não obstante, e à medida que fui folheando as páginas do livro, os meus juízos de valor também foram mudando.

Não nos esqueçamos que esta história tem lugar na primeira metade do século XIX e nesta altura, os comportamentos ligados à violência eram associados à bruxaria. Então, no início do livro, eu própria fiquei condicionada por estes estereótipos. Quem mataria, aparentemente sem nenhum motivo, dois homens? E de uma forma tão selvagem? 

Portanto, e como referi anteriormente, este é um livro parco em acção mas pejado de uma intensa carga emocional, pondo a nú sentimentos de compaixão e acima de tudo redenção. 

Em suma, Últimos Ritos é uma obra belíssima, apaixonante e vibrante! 


1 comentário:

  1. Só o nome da obra e a capa já tinham chamado a atenção e depois a sinopse também me despertou vontade de ler. Apesar de não ser um típico romance policial, eu gosto destas viagens no tempo a personagens reais.
    Beijinho

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