quinta-feira, 23 de abril de 2015

Hans Olav Lahlum - Crime Num Quarto Fechado [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: O número 7 da colecção Crime à Hora do Chá traz-nos um autor... diferente. É sabido que esta colecção se tem dedicado a autores que já não se encontram entre nós, mas Hans Olav Lahlum, é contemporâneo, sendo também considerado, pelos seus conterrâneos, a personalidade mais interessante na Noruega, estando actualmente no Guinness World Record como detentor do título A Entrevista mais longa da história. Para quem não sabe, este autor foi entrevistado durante 30 horas seguidas e o seu vasto conhecimento sobre História  e Política teria permitido ainda mais horas de entrevista.

Daí que fiquei bastante curiosa quando tive conhecimento que uma obra deste autor seria publicado pela colecção Crime à Hora do Chá que, como sabeis, se dedica a policiais da escola clássica. De facto, Crime Num Quarto Fechado, apesar de contemporâneo, poderá ser categorizado neste subgénero. 

A acção passa-se em 1968 em Oslo e o método de investigação do crime é pura e simplesmente o interrogatório aos inquilinos do prédio onde foi morto Harald Olesen.
Crime Num Quarto Fechado relembrou-me, por vezes, algumas obras de Agatha Christie ou de Sir Arthur Conan Doyle. O caso é inteiramente descortinado através da lógica assemelhando-se aos métodos descritos nos romances protagonizados por Poirot ou Sherlock Holmes. Destaco ainda a forma como Lahlum coloca uma personagem a emparelhar com o detective Kolbjørn Kristiansen, resultando tão bem como as duplas Poirot/Hastings e Sherlock/Watson. 
O elemento original reside no facto de Patricia, a jovem que ajuda o detective na investigação, ter maior destaque que o próprio protagonista.

Nesta óptica, e sabendo de antemão que estes policiais clássicos desenvolvem-se, normalmente, a um ritmo moroso, não creio, contudo, que tal tenha acontecido com a presente obra. O autor soube envolver o leitor numa espiral de segredos dos moradores em conjugação com uma perspectiva histórica sobre o envolvimento da Noruega na 2ª Guerra Mundial. O autor, embora versado no tema, disserta sobre esta guerra de modo leve e apelativo mesmo para um público fora da Noruega, que, naturalmente não sente curiosidade natural em conhecer os detalhes do envolvimento deste país na 2ª Guerra Mundial.

A história é narrada na primeira pessoa sob a perspectiva do detective Kolbjørn Kristiansen pelo que à medida que este vai desvendando os vários enigmas os leitores vão, progressivamente tomando conhecimento de novos elementos da trama, destacando-se o facto deste caso de homicídio ser o primeiro na carreira de Kristiansen.

Hans Olav Lahlum usa frequentemente o termo "mosca humana" para as personagens do livro (com excepção do protagonista e de Patricia), não deixando de crer que é uma sátira ao comportamento humano numa situação de pressão como uma investigação criminal certamente terá.
Todos os inquilinos são suspeitos e cada um deles é intrigante devido ao leque de segredos que respectivamente possuem. Para além desse facto a trama pareceu-me altamente rica em aspectos históricos que entrosam inteligentemente com a acção de 1968, podendo afirmar que se trata de um policial de época.

Não deixa de ser interessante também o posfácio onde o autor tece algumas considerações sobre si e sobre a sua tia, decerto que uma personalidade tão interessante quanto o próprio autor.

Muito diferente dos demais policiais escandinavos que já li, Crime Num Quarto Fechado assemelha-se a um policial clássico apelando à dedução do leitor para chegar ao culpado antes do próprio Kolbjørn Kristiansen. Um policial leve, desprovido de passagens gráficas mas pejado de reviravoltas.
Indubitavelmente, destronou o meu livro preferido desta colecção que foi Morte Na Aldeia. 
A título final, deixo um apelo: Edições ASA, incluam novamente Hans Olav Lahlum nesta colecção!


2 comentários:

  1. Estava aqui mesmo à espera da tua opinião sobre este livro. É um must read!

    ResponderEliminar
  2. Olá Vera,

    Já há muito que tenho curiosidade neste livro. Gostei do enredo. Vou tentar ler :)

    Beijinhos e boas leituras

    ResponderEliminar