domingo, 5 de março de 2017

Peter May - Em Fuga [Opinião]


Sinopse: AQUI 

Opinião: Em Fuga é a mais recente obra do autor Peter May a ser publicada por cá. Antes de mais, uma das minhas críticas recai sobre a opção da edição de mais um stand alone em vez da publicação do último livro que encerra a trilogia de Lewis (recordo que o último título editado foi A Ilha de Entrada, também este independente) composto pelas obras A Casa Negra e Um Homem Sem Passado.

Gostei particularmente destes dois livros e aguardo com grande ansiedade a conclusão da trilogia. Não sei se terá sido esse sentimento a influenciar a minha apreciação sobre Em Fuga. De facto, não gostei tanto como dos livros anteriores.

A história distribui-se entre dois planos temporais distintos: uma subtrama passada nos anos 60, intercalada com a acção na actualidade. Devo confessar que gosto de histórias contadas dessa forma, pois permite-nos saber, de forma simultânea, as provações a que foram submetidos os protagonistas e como eles se encontram passados 50 anos. Sem grandes pistas, foi fácil aferir que algo de muito grave se passou quando eles decidiram fugir, na década de 60.

Que o autor aprimora as descrições já eu me tinha apercebido, afinal de contas, um dos componentes que fez com que adorasse os livros antecessores foi precisamente a forma como Peter May pintou o cenário escocês que serviu de pano de fundo a essas tramas. Como referi na altura, senti-me apaixonada por aquelas paisagens. No entanto, não senti o mesmo com a presente obra. O cenário não foi esmiuçado com a mesma intensidade. Faz sentido, já não estamos perante aquele singular ambiente escocês, ao invés, o autor opta, na subtrama relativa aos anos 60, por explorar um certo estoicismo da adolescência. Ora os jovens fogem de casa, movidos pelo objectivo de singrar no mundo da música. Mas até que isso aconteça, as personagens passam por uma série de situações adversas à conclusão do objectivo.

Por essa razão, considero que o ritmo da trama foi algo moroso nas páginas iniciais com uma ausência de momentos de maior tensão ou acção.

Apesar de ter achado piada à alusão aos Beatles ou a outras figuras da época, devo confessar que, muito provavelmente por motivos etários, não tenho grande afinidade com os 60s. Teria achado mais piada, certamente, se a década em questão fosse a dos 80s. Não consigo embeber o ambiente hippy da geração passada explorada na trama.

Quanto à trama relativa à actualidade, não é muito mais do que o grupo de amigos, agora envelhecidos, a viajar para Londres afim de revolver o passado e encontrar respostas para o homicídio do amigo. Não há grandes revelações pois estas acontecem maioritariamente na parte alusiva a 1965 e nas páginas finais. Até então, é apenas um grupo de jovens que escapa de casa e tenta sobreviver.

Já no que concerne ao clímax da história, não esteve muito longe daquilo que eu equacionara. Teria gostado em ser mais surpreendida, como fui nos primeiros livros que li do autor.

Por estas razões, considero que Em Fuga ficou um pouco aquém das obras que conheço do autor. Na estante ainda consta para ler A Ilha de Entrada mas para ser sincera, sinto-me sequiosa de ler a terceira parte da trilogia de Lewis.

2 comentários:

  1. Olá Vera,
    Tenho mesmo que ler algo deste autor.
    Já há muito que estou a adiar.
    Beijinhos e boas leituras

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  2. Não podia estar mais de acordo em relação ao primeiro parágrafo. Também eu suspiro pela tradução do último volume da trilogia de Lewis...

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