Opinião: O Que Viram As Flores despertou-me uma enorme curiosidade pela menção de "um assassino que continua a semear o medo". Confesso que pela capa não diria que é um thriller e, após ter visto o título original, Black-eyed Susans, fui averiguar o que seriam estas "Susanas". Nada mais, nada menos do que os malmequeres amarelos que constam na capa, elemento que configura uma importância na trama, funcionando como um trigger para o reviver de um passado algo turbulento.
A premissa do enredo é extremamente interessante. A narradora, Tessa, foi vítima de um ataque aos 16 anos e foi encontrada quase morta. Vinte anos depois, Tessa depara-se com o seu passado quando um molho de "susanas de olhos pretos" são plantados à sua janela.
Não obstante, fiquei algo decepcionada. Achei que a trama tinha um ritmo muito moroso. Durante grande parte da leitura, fiquei com a sensação que não saía do mesmo ponto. Devo expressar a minha percepção que se prende com uma falta de audácia por parte da autora, nas ameaças a Tessa. Muito francamente, numa primeira fase, apenas um molho destas flores, ainda que associadas ao assassino, à janela, pareceu-me um elemento insuficiente para alentar alguns sinais de pânico à personagem.
Além disso, o elemento do suspeito estar na death row é já um lugar comum e, por conseguinte, não assegurou grande originalidade no enredo. O seu propósito é expectável: dispersar a atenção daquela personagem que consideramos como o antagonista.
A história alterna entre dois momentos temporais distintos: um, com lugar no passado, onde Tessa tem 16 anos e o presente. Não comento nenhuma inconfidência ao afirmar que esta jovem fora alvo de um cativeiro (que seria precedido de um homicídio até porque o homem é um serial killer), contudo, pensava eu que seria esmiuçado com mais primor esta vivência de Tessa. Os seus testemunhos não me inquietaram, infelizmente, e tive a sensação que me pareceram muito mornos.
Também me questionei qual seria o objectivo do antagonista (seja ele quem for), em ter como alvo a filha de Tessa em vez da mesma. Afinal de contas, fora o testemunho da protagonista que enviou o vilão para a sentença de morte e a sua filha não é perdida nem achada nesta história.
Foram estes os componentes que me desiludiram nesta obra. Ainda assim devo realçar, no entanto, os ingredientes que resultaram na história como o ambiente praticamente isolado (há apenas uma vizinha digna de menção) e algumas técnicas forenses, ingrediente que considero particularmente estimulante. Além de que gostei do final. Foi provavelmente na altura do clímax, o momento em que senti a leitura verdadeiramente excitante.
Infelizmente, a obra não me cativou tanto quanto gostaria.
Um livro que me entreteve mas, lamentavelmente, não me levou ao êxtase como tantos outros thrillers.
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