Sinopse: Só porque tens um passado, não quer dizer que não possas ter um futuro. Mudar de escola no último ano e ser a miúda nova do liceu nunca é fácil para ninguém. Amanda Hardy não é excepção: se quiser fazer amigos e sentir-se aceite, terá de baixar as defesas e deixar que os outros se aproximem. Mas como, quando guarda um segredo tão grande? Quando tenta a todo o custo esconder o seu passado e começar uma vida nova? Para piorar as coisas, apaixona-se perdidamente pelo rapaz mais popular do liceu e tudo o que mais quer é contar-lhe a verdade# Será que ele é tão especial quanto parece? Poderá confiar nele? Uma história inspiradora e comovente que nos enche o coração e nos ensina que o amor mais verdadeiro e profundo nasce da coragem de sermos nós mesmos.
Opinião: Sim, estão no blogue da Menina dos Policiais, não foi engano :)
Isto é que foi sair da minha zona de conforto: li um livro completamente diferente! Além de ser destinado a um público alvo mais jovem, a protagonista é, na minha opinião (recordo que sou imberbe nos géneros além thriller e policial), uma personagem nunca antes vista na literatura pois é transsexual.
Nunca reflecti sobre este tema, confesso. Sou open minded e aceito mentalidades diferentes da minha mas nunca me coloquei na pele de alguém que não se sentisse bem consigo próprio. E não falo das típicas crises de auto-estima. Viver num corpo diferente daquele que seria desejável deve ser uma sensação esmagadora de encarceramento.
A experiência pessoal da autora, também ela transsexual, terá, certamente, contribuído para a caracterização tão completa de Amanda, a protagonista do livro. Uma menina que terá nascido com o sexo masculino e terá sido submetida a uma operação de mudança de sexo e a um processo contínuo de toma de hormonas.
Estamos perante uma obra que, por esta razão, vai mais além dos típicos livros sobre os dilemas de adolescente. A autora explora, de uma forma exímia, a crise de identidade e fá-lo recorrendo a flashbacks, relatando que em tenra idade, Amanda, nascida como Andrew, já apresentava comportamentos de cariz feminino. O bullying começa a ser uma constante na sua vida e torna-se inevitável não sentir compaixão.
Amanda opta por uma mudança de vida, numa nova escola, numa outra cidade, junto do seu pai. Relaciona-se com outras miúdas, com os seus dilemas e começa a interessar-se por Grant. Numa primeira análise, pareceu-me interessante que as amigas de Amanda também tivessem os seus segredos. Como se todas as personagens, ainda de cariz secundário, tivessem os seus esqueletos no armário.
Acaba por ser previsível que haja uma história de amor com contornos complicados. Há um toque melodramático, decorrente da condição sexual de Amanda e, na minha opinião, a magia da obra vem precisamente desse facto.
Ainda que esteja subjacente uma mensagem de esperança e força por parte da protagonista, pareceu-me que a história é, grosso modo, algo banal. Girl meets boy, apaixonam-se, afastam-se...
Não obstante reforçar que o livro destaca-se dos demais YA (género young - adult) por incidir na transsexualidade.
No entanto, esta trama também me levantou uma dúvida: uma operação deste calibre poderá ser levada a cabo num jovem menor de idade? Pareceu-me que Amanda será demasiado jovem para, legalmente, ser submetida a uma intervenção cirúrgica do género. Bem, contento-me com o facto dos Estados Unidos ser um pais avant garde.
Uma leitura que, apesar de não ser das minhas preferidas (na minha opinião, uma resolução de um crime é sempre mais apelativa), reconheço que desmistifica alguns tabus relativamente ao transgénero, um tema com o qual não estava muito familiarizada. Creio que ainda existem alguns tabus no que concerne às opções sexuais. É uma obra que é um verdadeiro exemplo de perseverança, apelando a uma introspecção sobre aceitação.
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