Opinião: A capa de A Rapariga Mais Sortuda do Mundo é lindíssima e as expectativas estavam no auge mas não fiz nada bem em ter enveredado por esta leitura após Aqueles Que Merecem Morrer. Esta obra elevou a fasquia bem alta e para a destronar, teria que ler uma história que me deslumbrasse, o que, infelizmente, não acabou por acontecer.
Apesar de ter uma opinião um pouco ambígua no que concerne a esta obra, vou tentar explicar porquê, lançando o desafio de a lerem e partilharem opiniões comigo. Podem fazê-lo por email ou por mensagens no Facebook a fim de não desvendarmos nada sobre a história e, por conseguinte, fazer com que os restantes leitores se sintam impelidos a ler esta obra sem saber absolutamente nada sobre a mesma.
O aspecto que mais ressalta à vista foi, sem dúvida, a caracterização da protagonista, Ani. Ela assume que a sua vida é uma perfeita mentira, ainda que o glamour seja uma constante no seu dia-a-dia. Curiosamente esta caracterização fez-me lembrar um pouco a da personagem principal de Maestra, uma outra obra publicada pela Editorial Presença (e cuja continuação está prevista para breve).
De casamento marcado, a protagonista começa a desvendar, por intermédio de flashbacks, como terá sido a sua infância e, em particular, a sua vida escolar. Aí o leitor assiste àqueles comportamentos competitivos entre as jovens, algum bullying e, por fim, um terrível acontecimento que terá, certamente, condicionado a sua forma de ser, tão calculista e fria. Confesso que este terá sido o ponto alto da trama e desde então me suscitou mais interesse.
Apesar de ser uma história com um ritmo moroso, especialmente a acção da actualidade que espelha, numa fase inicial, pouco mais do que o nervosismo associado aos preparativos de um casamento, tenho que dizer que cada vez estava mais curiosa para deslindar aquele puzzle de Ani, o que implicava um maior desejo em ler a subtrama do seu passado. O enredo do presente começava a pegar em pontas que seriam apenas destrinçadas com o conhecimento da adolescência de Ani e eu, finalmente, começava a ter o alento que precisava para prosseguir a leitura.
E eis que a autora me volta a tirar o tapete debaixo dos pés e ensaia sobre uma temática que não vejo com frequência retratada na literatura e que, felizmente, já foi mais comum nos Estados Unidos. Senti-me atordoada e compreendi o título original, The Luckiest Girl Alive.
À medida que a trama se encaminhava para o final, aguardava um clímax tenso e dramático, tal como foram essas duas passagens em particular. No entanto, este mostrou-se um pouco anti-climático e inverossímil até. Creio que na recta final, e tendo em conta que o factor identidade era tão preponderante quanto os acontecimentos em si, o clímax não me pareceu, pessoalmente, muito credível.
Ainda hoje, uns dias após ter concluído este livro, não consigo avaliar a experiência de leitura. Terá sido uma mistura de interesse com desapego, se é que me faço entender. Nunca tive uma percepção semelhante nos inúmeros thrillers que leio. Contudo, o mais chocante foi ter visto esta entrevista da autora e percebido que algo no seu passado, terá condicionado a obra. Não consegui discernir o quê mas ao pensar naquelas duas cenas em particular, fico desolada...
Um outro ponto aliado à experiência de leitura que gostaria de mencionar foi o facto de estar ter sido em conjunto com outras duas leitoras. No final do dia, no nosso chat de Facebook, mencionávamos as nossas várias teorias e percepções, que seriam deitadas por terra. Sim, apesar de não ter apreciado devidamente o final, creio que é consensual este ter sido uma grande surpresa.
Mesmo após ter reflectido sobre o meu estado de espírito sobre esta história, não consigo ainda definir o que a mesma suscitou em mim. Nada como tirarem as vossas próprias conclusões e lerem esta obra tão peculiar.
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