sexta-feira, 5 de julho de 2019

Iain Reid - Intruso [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: No ano passado li I´m Thinking Of Ending Things da autoria do canadiano Iain Reid, um livro que considerei algo bizarro. Com grande surpresa minha, o autor foi publicado em Portugal e a estreia do mesmo por cá é feita através da edição do seu segundo romance, Intruso.

Apesar dos dois livros supra referidos do autor se debruçarem sobre tramas completamente diferentes, há um denominador comum a ambas: dissecam o comportamento humano.
Junior e Henrietta vivem numa pacata quinta longe da cidade até ao dia em que recebem a visita de um homem, Terrance, alegando que o marido foi destacado para uma viagem longínqua de colonização espacial. A trama adensa-se quando Terrance assegura a Henrietta que não ficará sozinha durante o período de ausência de Junior.

A premissa é, no mínimo, intrigante e tal como acontecera na leitura do livro antecessor do autor, logo nas primeiras páginas, inexplicavelmente, instalou-se um sentimento de desconforto. 
À medida que a história se desenvolvia, expondo possíveis fragilidades da relação entre Junior e Henrietta face à eminente partida do marido, mais considerava a história bizarra e mais se entranhava uma estranha necessidade de reflectir sobre a minha própria relação e de me colocar na pele dos protagonistas.

Apesar de Intruso ser claramente um livro de scy-fy, ocorrendo num cenário futurista não muito longínquo, com alguns elementos de terror, muitas passagens conduzem a uma reavaliação sobre os valores numa relação de compromisso. Ainda que os thrillers tenham o propósito de nos apoquentar, pessoalmente, gosto do exercício de ponderação que muitos nos propõem como aconteceu com este título.
Mencionei anteriormente que existem uns laivos de terror e, a meu ver, os elementos mais tenebrosos da trama residem no ambiente de isolamento da quinta bem como a natureza dúbia desta viagem, que me deixou algo inquieta e um pouco receosa. O desenvolvimento da trama é imprevisível e apresenta contornos originais, facto que talvez possa atribuir ao parco consumo de literatura de ficção científica.

É um livro pequeno com pouco mais de 200 páginas, estruturado em capítulos curtos, convidando a uma rápida leitura. Aliando-se a este facto, senti-me sugada pela história, de tal forma que terminei a leitura em poucas horas. 

Como ponto negativo, e como já pude verificar no primeiro livro, este autor regista algumas mensagens com cariz metafórico, consubstanciando um elemento que, pessoalmente, não me seduz. 
Falo em particular de uns escaravelhos que aparecem pela casa e cujo significado tive que investigar, lendo algumas interpretações de leitores, afim de aferir a sua importância na trama. Para mim, um escaravelho é pura e simplesmente um insecto.

Em suma, Intruso é um livro que transmite, genuinamente, sensações de paranóia e desconforto. Embora seja uma história de ficção científica, creio que se destinará a todos que procurem um livro intenso e out of the box mas que, ainda assim, vos convide a reflectir em concreto sobre questões de foro mais pessoal.


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