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Opinião: A estreia da série baseada no livro homónimo no catálogo da Netflix foi determinante para que iniciasse a leitura desta obra que já habitava nas minhas estantes há cerca de um ano, quando foi publicada. Na altura, este título despertou-me muito interesse pois pensei que fosse uma abordagem aos massacres nas escolas, um tema que me impressiona muito.
Trata-se de um invulgar thriller que poderia muito bem ser catalogado como jurídico. Contudo, ainda que se passe maioritariamente entre julgamentos de uma jovem, Maja, acusada de ter morto o namorado, a amiga, alguns colegas e um professor, a história assume contornos ainda mais profundos, dando-me a sensação que estamos perante um poderoso thriller psicológico.
O que mais me agradou na história foi, sem dúvida, a minha percepção sobre a protagonista que mudou de forma drástica, atribuindo, evidentemente, esta sensação à profundidade dos acontecimentos descritos.
A minha primeira impressão sobre Maja situava-se algures entre a incredulidade e a incompreensão pelo que não gostei imediatamente da protagonista. Contudo, à medida que a trama se desenvolve, a autora recorre a flahsbacks para relatar alguns factos do passado de Maja e a pouco e pouco, as peças do puzzle começam a fazer sentido e os sentimentos que se instalaram nas primeiras páginas, modificaram-se.
É, portanto, uma obra com um grande enfoque na componente psicológica, apesar de, como referi anteriormente, me ter parecido um thriller jurídico.
Confesso que a obra demorou a conquistar-me. Escrito num ritmo moroso e, por conseguinte, tendo levado algum tempo a cativar-me, este título prima pelo desconforto e inquietação que transmite. Por mim falo que me senti constantemente inquieta e questionava-me em que circunstâncias Maja teria morto o namorado e amiga, dúvidas estas que vão sendo respondidas através de pequenas pistas na interacção de Maja com o namorado, Sebastian, a amiga, Amanda e restante comunidade escolar.
Apesar da autora se debruçar sobre o quotidiano da juventude que, eventualmente, poderia ser um aspecto com o qual já não me identifico tanto, confesso que não me senti descontextualizada, antes pelo contrário, estava cada vez mais surpreendida com o crescendo de relações abusivas de Maja. Creio que a abordagem do tema de relações disfuncionais está bastante credível e, pessoalmente, deixou-me muito incomodada. Acredito que informação como a que está relatada na trama, ainda que esta seja ficcionada, possa servir de alerta aos jovens que sofrem subjugados a comportamentos de manipulação.
A narrativa é complementada com o trato de outros temas como, por exemplo, um bastante actual, a emigração crescente e consequente fenómeno de xenofobia. Consubstancia-se, portanto, como um livro propenso à reflexão sobre questões sociais na Europa.
Em suma, ainda que estejamos perante uma trama arrastada, Areias Movediças é um livro interessante na medida em que aborda uma série de temas sobre os quais devemos estar alerta. Fica, portanto, a vontade em ver a série e estabelecer um paralelismo entre a obra e sua adaptação. Estou curiosa!
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