Donna Leon, a senhora do crime, destaca-se no mundo da literatura policial com a criação do detective italiano Guido Brunetti, cujas histórias têm lugar na belíssima cidade de Veneza.
Neste que é o primeiro livro protagonizado por Brunetti, acompanhamos a investigação do assassinato de um maestro alemão, Helmut Wellauer, que é envenenado durante uma pausa na execução da ópera La Traviata no famoso teatro La Fenice.
Wellauer, consagrado na música clássica e nos círculos de ópera, tem uma série de inimigos, devido à sua mentalidade de extrema-direita, os pontos de vista homofóbicos e aventuras extra-conjugais. Mas quem estaria suficientemente motivado para o matar?
Ao contrário do que é vulgar na literatura policial, temos aqui um detective sem problemas pessoais! Bem casado, feliz, sem aparentemente nada a esconder, o comissário caracteriza-se como sensato, cordial e assertivo para com as testemunhas e suspeitos. Até porque a investigação de Brunetti evolui praticamente a partir de conversas informais com estes. Portanto quem espera procedimentos forenses e técnicas laboratoriais ao mais alto nível, este não é certamente o livro indicado, dado que a resolução do crime prende-se com pressupostos e muito jogo de lógica.
Desta forma, o enredo foca-se essencialmente na investigação da morte do maestro, descurando outros mistérios que poderiam surgir em torno do protagonista, como já se constatou que é usual. A autora ainda relata momentos de descontracção de Brunetti com a esposa, Paola, de modo a que o leitor possa aferir que a sua vida pessoal em nada interfere com o trabalho. Interessante ainda é a interacção entre o protagonista com os filhos Chiara e Raffaeli.
No meio de belos pequenos almoços onde o brioche não pode faltar, assim como outros costumes italianos, torna-se particularmente interessante a abordagem de assuntos como situações governamentais mal geridas.
Um livro fácil e rápido de ler, pela linguagem fluída da autora, bem como a elegância da descrição dos pormenores que eventualmente poderiam ser chocantes. O tom descontraído e até um pouco divertido da escrita da autora é recorrente, suavizando a temática de um homicídio, que é por norma, bastante pesarosa. A autora debruça-se ainda sobre os detalhes da cidade de Veneza, dando um ênfase não só à magia e ao misticismo que a cidade aparenta ter, como também o panorama histórico da mesma. O facto da autora ter vivido na cidade durante 20 anos, é talvez explicativo do realismo das descrições. Devo confessar que eu, nunca tendo ido a Itália, fiquei com uma vontade enorme em conhecer Veneza, depois de ter lido este livro.
Um aspecto que achei bastante curioso: a autora debruça-se sobre a pormenorização de certos aspectos fisionómicos na descrição das personagens, que recaem sobretudo sobre os olhos e narizes das mesmas.
A resolução do trama é bastante interessante. Não posso dizer que a identidade do assassino me tenha surpreendido, até porque existiu sempre um núcleo de suspeitos bastante limitado. Ainda assim ocorreu o efeito "choque", recaindo sobre o rápido raciocínio de Brunetti na conclusão do caso.
Fiquei bastante intrigada em ler os restantes livros da colecção, e conhecer mais e melhor aquela personagem com quem senti tanta afinidade, Guido Brunetti. Este primeiro livro definitivamente reúne todos os requisitos para uma série brilhante! Recomendo vivamente!
Neste que é o primeiro livro protagonizado por Brunetti, acompanhamos a investigação do assassinato de um maestro alemão, Helmut Wellauer, que é envenenado durante uma pausa na execução da ópera La Traviata no famoso teatro La Fenice.
Wellauer, consagrado na música clássica e nos círculos de ópera, tem uma série de inimigos, devido à sua mentalidade de extrema-direita, os pontos de vista homofóbicos e aventuras extra-conjugais. Mas quem estaria suficientemente motivado para o matar?
Ao contrário do que é vulgar na literatura policial, temos aqui um detective sem problemas pessoais! Bem casado, feliz, sem aparentemente nada a esconder, o comissário caracteriza-se como sensato, cordial e assertivo para com as testemunhas e suspeitos. Até porque a investigação de Brunetti evolui praticamente a partir de conversas informais com estes. Portanto quem espera procedimentos forenses e técnicas laboratoriais ao mais alto nível, este não é certamente o livro indicado, dado que a resolução do crime prende-se com pressupostos e muito jogo de lógica.
Desta forma, o enredo foca-se essencialmente na investigação da morte do maestro, descurando outros mistérios que poderiam surgir em torno do protagonista, como já se constatou que é usual. A autora ainda relata momentos de descontracção de Brunetti com a esposa, Paola, de modo a que o leitor possa aferir que a sua vida pessoal em nada interfere com o trabalho. Interessante ainda é a interacção entre o protagonista com os filhos Chiara e Raffaeli.
No meio de belos pequenos almoços onde o brioche não pode faltar, assim como outros costumes italianos, torna-se particularmente interessante a abordagem de assuntos como situações governamentais mal geridas.
Um livro fácil e rápido de ler, pela linguagem fluída da autora, bem como a elegância da descrição dos pormenores que eventualmente poderiam ser chocantes. O tom descontraído e até um pouco divertido da escrita da autora é recorrente, suavizando a temática de um homicídio, que é por norma, bastante pesarosa. A autora debruça-se ainda sobre os detalhes da cidade de Veneza, dando um ênfase não só à magia e ao misticismo que a cidade aparenta ter, como também o panorama histórico da mesma. O facto da autora ter vivido na cidade durante 20 anos, é talvez explicativo do realismo das descrições. Devo confessar que eu, nunca tendo ido a Itália, fiquei com uma vontade enorme em conhecer Veneza, depois de ter lido este livro.
Um aspecto que achei bastante curioso: a autora debruça-se sobre a pormenorização de certos aspectos fisionómicos na descrição das personagens, que recaem sobretudo sobre os olhos e narizes das mesmas.
A resolução do trama é bastante interessante. Não posso dizer que a identidade do assassino me tenha surpreendido, até porque existiu sempre um núcleo de suspeitos bastante limitado. Ainda assim ocorreu o efeito "choque", recaindo sobre o rápido raciocínio de Brunetti na conclusão do caso.
Fiquei bastante intrigada em ler os restantes livros da colecção, e conhecer mais e melhor aquela personagem com quem senti tanta afinidade, Guido Brunetti. Este primeiro livro definitivamente reúne todos os requisitos para uma série brilhante! Recomendo vivamente!
Não posso estar mais de acordo contigo, no entanto o último livro (Drawing Conclusions, que ainda não está disponível em português) deixou-me algo desiludida!
ResponderEliminarComo dizia num post recente, "com diferença das obras policiais que invadiram o mercado nos últimos anos, os livros de Donna Leon não relatam assassinatos brutais, intrigas paralelas ou conspirações maquiavélicas".
Olá Offuscatio, dei um pulinho ao teu blog, que adorei e felicito, está realmente muito interessante (fiquei fã no Facebook para poder acompanhar mais de perto as novidades!)
ResponderEliminarÉ verdade, embora não haja homicídios brutais com litros de sangue, achei tão subtil e inteligente este livro, muito discreto nas descrições e fácil de ler. Senti uma empatia enorme com o Guido!
Eu vou ler os livros dela pela ordem de publicação da Planeta, ainda vou demorar até chegar a esse Drawing Conclusions...
Beijinhos, boas leituras!
:) Obrigado Verosky! No entanto, pelo que investiguei esse último livro (versão em castelhano) apresenta uma alteração do autor da traduçao, o que pode ter originado esses pequenos pontos de desilusão que comentava..
ResponderEliminarDe qualquer maneira, acho que vale muito a pena que lhe sigas o rastro!