quarta-feira, 2 de julho de 2014

K. O. Dahl - Morte Numa Noite de Verão [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Morte numa Noite de Verão não é propriamente um romance policial recente. Publicado em 2000, foi nesse ano que terá ganho o prémio de Melhor Policial Norueguês, justificando assim que a escolha da Porto Editora tenha recaído no segundo livro de uma série. Ainda que tenha perdido o primeiro caso das investigações dos Detectives de Oslo, senti-me irremediavelmente envolvida na trama logo nas primeiras páginas.

O mote da história é simples e gira em torno de Katrina, uma ex-toxicodependente. Agora que está limpa, tem uma vida aparentemente estável: tem o seu trabalho, vive num pequeno apartamento e tem um namorado. Mas no dia seguinte a uma festa, Katrina é encontrada morta. Cabe aos investigadores Frølich e Gunnarstranda investigar os estranhos contornos deste homicídio. Parece que é consensual a dificuldade (que me pareceu ainda mais acrescida no presente caso) dos nomes dos protagonistas. Ainda falta um terceiro inspector, com um papel mais fugaz, cujo nome ainda é mais impronunciável... 
Confesso que não me senti completamente rendida com as personagens dos inspectores, um pouco à custa das poucas descrições que existem sobre os mesmos. Ao contrário de tantos autores nórdicos que explanam os protagonistas até à exaustão, constatei que no presente livro, Dahl cinge-se ao fundamental sobre Frølich e Gunnarstranda, ao contrário da especial incidência das vidas pessoais dos que rodeiam Katrina.

Ainda assim, devo dizer que Dahl me cativou imediatamente. Li este livro no meu último dia de férias, tendo apenas parado a leitura em três vezes. Em poucas horas tinha o livro lido e creio que estas foram extremamente plazerosas. Simplesmente não conseguia largá-lo, ainda que esta história se desenvolva num ritmo moroso. Estamos a falar de um policial que incide na investigação das personagens que lidavam com Katrina. E numa trama onde a investigação é deste cariz, dá azo a repetição de informação a fim de corroborar as provas que vão surgindo. Este ponto traz-nos uma característica que aprecio muito: a abundância de diálogos ágeis. A meu ver, o fascinante foi tentar perceber as várias personagens pois na festa senti-me instigada por todas elas.

Morte numa Noite de Verão segue uma forma clássica na ficção policial: um grupo de testemunhas e possíveis suspeitos, sujeitos a um método de inquéritos. Através destes, o leitor descobre cada vez mais sobre Katrina. O estilo de vida da vítima e os seus relacionamentos são esmiuçados numa tentativa de recriar o crime. Apesar do título algo temeroso, a trama não contempla mortes hediondas. Sem grandes registos de violência a salientar, em igualdade com o crime, a trama destaca-se pela extensa crítica social norueguesa.
Alguns flashes de humor são contemplados, desanuviando o clima tenso que se instala diversas vezes.

Tendo sido um livro que me arrebatou, o meu desejo é que a Porto Editora continue a apostar no autor. Aconselho, especialmente para quem gosta de um policial puro com personagens intrigantes!

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