Sinopse: AQUI
Opinião: A misteriosa sinopse de Natureza Morta remete para um policial passado numa vila pacata. Three Pines foi inspirada em vários locais rurais em Quebec, Canadá. A minha percepção foi que Three Pines seria um local convidativo para se viver. A vizinhança é aparentemente unida e o próprio local é idílico, contrapondo-se com a ideia da morte.
Natureza Morta é um cozy mystery, como aliás é referido e definido no próprio livro, uma história com uma intensa componente de mistério e o próprio crime ocorre numa pequena comunidade. É um subgénero que se caracteriza pela isenção de cenas sexuais ou gráficas.
Estamos perante o caso da morte da professora Jane Neal, ao que tudo indica, ter sido acidental. Mas eis que Armand Gamache é obrigado a intervir para investigar o caso e os contornos da morte da professora começam a apontar para uma morte premeditada.
Esta obra introduz ao leitor a personagem de Armand Gamache, sendo a primeiro caso de uma série. Por este motivo, felicito a Dom Quixote pela publicação da mesma a partir do seu início, uma vez que tem sido cada vez mais frequente as editoras começarem a publicar séries ou sagas desrespeitando a ordem das mesmas.
Sendo na linha do policial clássico, ou o cozy mystery como lhe queiram chamar, é expectável que Natureza Morta seja isento de grandes descrições hediondas. É um policial leve que se lê muitíssimo bem. O crime apesar de chocante, pois aparentemente a vítima é uma personagem querida pela comunidade, desperta outras intenções e carácteres das personagens que rodeavam Jane Neal. É precisamente este aspecto que aprecio nas tramas do género, a descoberta dos segredos dos habitantes da vila. Por este motivo referido, o método de investigação vai ao encontro da linha clássica: o interrogatório a todos que se constituem suspeitos.
Penso que, ao apertar o cerco desta forma e tendo despoletado reacções das mais diversas naturezas por parte dos habitantes, tornou cada personagem verossímil e interessante.
Gostei da forma como a arte se interliga no caso, não fosse este livro chamar-se Natureza Morta, um subgénero de pintura que enfatiza seres inanimados. Acaba por ser um policial que quase secundariza o crime, relevando as pessoas da comunidade e noutro plano, a arte. Usualmente é um tema pouco contemplado na literatura policial.
Apesar de conter um ritmo moroso, Natureza Morta acaba por ser um livro envolvente. As personagens são interessantes e a cada página lida, revela um pequeno segredo sobre a mesma. Afinal de contas, os vilarejos estão pejados de cusquices e maldizeres...
Sou sincera, prefiro livros mais gráficos. No entanto a presente obra apresentou-se como uma leitura que me prendeu. Fica, portanto, o natural desejo e curiosidade em ler o segundo livro da série. Faço votos que a editora publique A Fatal Grace, brevemente.
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