Sinopse: AQUI
Opinião: É partindo de uma premissa um pouco exagerada (afinal de contas que adolescente é que foge da casa dos pais e deixa um bilhete a notificar os progenitores do feito?) que se desenvolve este thriller, o segundo protagonizado por Charles Boxer.
Relembremos que em Pena Capital, o protagonista esteve a braços com um rapto de uma jovem e o mesmo se sucede na presente obra, embora com outra dimensão. Temos um desaparecimento, a princípio de livre vontade, da sua própria filha. E este terá consequências inimagináveis...
O livro entrelaça duas subtramas: Boxer debruça-se sobre o paradeiro da filha e Mercy Danquah, a mãe, dedica-se à investigação de um rapto de um menino de 10 anos, Sasha, filho de um antigo agente dos serviços secretos russos.
À medida que desfolhei as páginas, achei que acima de tudo, os contornos do desaparecimento de Amy foram exagerados. Relembremos que estes planos de desaparecimento foram engendrados por uma adolescente de 17 anos e na minha opinião, a imaturidade nesta idade interfere com a a capacidade de arquitectar plano tal aparentemente tão convincente. Obviamente que omito este desígnio a fim de evitar qualquer spoiler mas o meu caro leitor perceberá assim que ler este livro.
Se a personagem de Amy me pareceu ser demasiado excessiva, posso dizer que a outra vítima de rapto, Sasha, de apenas 10 anos, revela uma maturidade incomum para a idade. Atrevo-me a considerar que porventura, o autor quis retratar duas situações completamente opostas: uma adolescente que foge, fruto de um farto devaneio e por outro lado, um menino que aprendeu a crescer à força, lidando com uma mãe com problemas.
Nunca Me Encontrarão está na onda do livro antecessor: uma história sobre rapto num rico background das personagens. Com excepção de Amy, estas denotam uma grande profundidade. Acabam por ser explanadas as interacções da adolescente não só com os pais como com a avô e perceber como estas percepcionam o desaparecimento da jovem.
Contudo, nem todas as personagens são necessariamente boas. Wilson mergulha nos recônditos do mundo da droga e tráfico de estupefacientes, num cenário sombrio apresentando uma hierarquia do negócio, onde a motivação número um é o dinheiro e quase em paralelo, a vingança em relação aos credores.
Se eu considerara Pena Capital como um livro extremamente sensorial, o mesmo afirmo em relação à presente obra. A trilha de Amy conduz o protagonista até Espanha, havendo locais copiosamente descritos. Para maior integração da cultura espanhola, várias palavras são apresentadas em castelhano. Depreendo que o autor seja autodidacta pois apercebi-me de um erro: castanho não é castaño mas sim marron.
Senti falta de uma reviravolta final que me deixasse estupefacta, como gosto que aconteça na literatura, em geral. A história foi toda muito coerente e algo linear dentro das histórias cliché sobre raptos. Um tema que não é maçador, antes pelo contrário, inerente a uma história de rapto a trama consegue ser emocionante e tensa.
Em suma, penso que esta série de Charles Boxer, a avaliar pelos dois primeiros livros, está bem conseguida embora gire em torno de raptos e desaparecimentos, cingindo-se a essa temática.
Desta forma e na minha opinião, acaba por ficar um pouco aquém da tetralogia de Javier Falcón que, por abarcar uma variedade de crimes, é bem mais rica. É também uma série com mais crimes, de natureza mais crua.
Ainda assim, indubitavelmente o meu livro preferido do autor é o Último Acto em Lisboa, trama de acérrima qualidade e que não hesito em recomendar. Não obstante, Nunca me Encontrarão proporcionou-me um bom momento de leitura.
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Sinto falta de um bom livro de Robert Wilson... o último que li já foi à uma eternidade e ficou simplesmente a meio (Assassinos Escondidos) que nem o Javier Falcón conseguiu salvar.
ResponderEliminarLi atentamente a tua opinião e gostei bastante da análise.
Quer "Último acto em Lisboa" quer "A Companhia de Estranhos" foram dois livros, que me marcaram pela positiva e lá vão tantos anos.
Beijinhos e Bons Policiais para ler!