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Opinião: A Salvo Contigo é um thriller psicológico interessante e bem conseguido que me agarrou na sua leitura. Apresenta uma particularidade, não inovadora é certo, mas que me cativa: a história é relatada por uma narradora pouco digna de confiança. O leitor está constantemente na dúvida se esta estará a ser sincera relativamente aos seus pontos de vista ou se serão apenas devaneios. Esta personagem, Anna, é aterrorizada por acontecimentos ocorridos há 13 anos atrás, momento em que ela angaria uma inimiga, Carla. Esta aparece agora, em circunstâncias de um acidente com terceiros. Anna sente imediatamente que tem que fazer parte deste incidente.
Durante a leitura persistiam duas dúvidas: se Carla seria mesmo a mesma pessoa implicada no incidente há 13 anos e como é que se desenvolveria a relação de Anna com o rapaz acidentado, Liam. A trama suscita assim um grande interesse, a meu ver.
Não posso deixar o episódio, mais caricato na minha opinião, a forma como ela lida com a sua actividade profissional que é a distribuição de correio. Sempre que o contexto laboral era mencionado, era difícil não esboçar um sorriso, embora com um sentimento de terror, claro, devido à seriedade da situação. Quem ainda, nos dias de hoje, recebe muita correspondência pelos correios, como até é o meu caso, irá, certamente, compreender.
A actividade profissional de Anna acaba, assim, por ser mais apurada do que a sua própria vida pessoal. Esta, por intermédio de flashbacks, vai sendo gradualmente desvendada e ficamos a saber o motivo pelo qual a protagonista é tão solitária. Creio que é nestes excertos que nutrimos alguma compaixão pela protagonista que, pelo carácter dúbio, não se apresenta como a típica heroína de uma trama. Também não sabemos com certeza afirmar que será a vilã.
Embora me tenha sentido sempre expectante e agradada com o desenvolvimento da história, há eventos que não são devidamente explicados e que teriam algum interesse caso fossem explorados. A título de exemplo, e sem querer, evidentemente, levantar qualquer spoiler, Anna implica com cheiros estranhos em casa, fenómeno que não é explicado assim como o desaparecimento súbito de uma montanha de cartas antes de uma inspecção carecia de uma elucidação.
Tenho ainda a apontar que não apreciei devidamente o final da história. Creio que o enredo poderia ter sido fechado em torno de uma explicação mais convincente. De certa forma, o clímax foi anticlimático e, pessoalmente, não me deslumbrou como seria desejado.
Não obstante estes pormenores que não foram do meu agrado, gostei bastante de ter lido esta obra. Valeu pela leitura entusiasta e, de certa forma, viciante. Tão cedo não me esquecerei desta carteira tão peculiar.
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