Sinopse: AQUI
Opinião: Depois de ter lido Numa Floresta Muito Escura, tencionava revisitar a autora Ruth Ware. Não precisei de ter lido The Woman in Cabin 10 em inglês, a editora Clube do Autor já publicou a obra, de forma que a pude ler na minha língua materna.
Trata-se de uma história muito diferente da anterior, mantendo apenas como denominador comum o cenário claustrofóbico. Não existe, a meu ver, nenhum local mais ermo do que um camarote, num cruzeiro, que navega Oceano fora. E até a localização geográfica foi deliciosa: este cruzeiro navegava até aos fiordes noruegueses, um destino que, pessoalmente, considero deveras estimulante.
Não sendo um aspecto inovador mas funciona no género de thriller é a caracterização da narradora, Jo Blacklock, como não confiável. Esta percepção assenta logo nas primeiras páginas, altura em que há um acontecimento insólito entre ela e o seu namorado Judah. Além disso, esta impressão intensifica-se quando nos apercebemos que ela toma medicação, combinando-a com o álcool. Por esta razão, reconheci uma certa dificuldade em empatizar com a protagonista,
embora julgue ser consensual que ela é detentora de algum poder.
Sem dúvidas,
estamos perante mais uma história que acentua o poder da mulher.
Portanto este tipo de narradores faz-nos duvidar da veracidade dos acontecimentos, não obstante crer que essa impressão se vai desvanecendo à medida que a trama se desenvolve e, finalmente, temos alguma certeza que efectivamente ocorreu um crime na altura em que aparece uma mensagem apelando à desistência de Lo em investigar o caso. Não podia ser mais revelador: aconteceu, com certeza, um crime e o que Lo ouviu não é fruto da sua imaginação.
O interesse na história até então divide-se em duas vertentes: o leitor fica curioso sobre a identidade da misteriosa mulher do camarote 10 e, acima de tudo, quem a teria morto. É legítimo afiançar que um dos pontos positivos é precisamente este.
É uma trama que desperta grande curiosidade desde os primeiros instantes e cujo desenvolvimento é francamente apelativo. Sendo uma história que ocorre num ambiente tão fechado, quis crer, a dada altura, que o desfecho seria previsível mas antes pelo contrário, a resolução do puzzle apanhou-me despercebida.
Ainda sobre a história, creio que esta é ágil e dinâmica, devido às transcrições de emails e mensagens em redes sociais. Na minha óptica, são elementos que poderão, eventualmente, ajudar o leitor a elaborar uma hipótese sobre o clímax, hipótese que cairá por terra. Volto a realçar que o final é completamente imprevisível e coerente.
Perante estas considerações, e tendo presente que gostei do livro anterior da autora, creio que este é ainda superior. A sensação claustrofóbica é palpável (mais ainda do que a floresta inóspita da história anterior); o desenvolvimento da história é intrigante e o final bastante satisfatório. Gostei!
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