Sinopse: Quando viu os seus amigos pela última vez?
Dave Lewis é um homem assombrado pelo seu passado. Entre a morte do
irmão, o desgosto dos pais e o afastamento de Tori, a sua ex-namorada,
Dave tenta convencer-se de que não tem contas a ajustar com o seu
passado.
Quando um assassino persegue várias mulheres, as rapta e se faz passar
por elas, enviando mensagens e e-mails a familiares e amigos das
vítimas, Dave Lewis é o principal suspeito depois de Tori aparecer
morta. Mas Sam Currie, o agente responsável, parece acreditar na sua
inocência. Resta-lhes descobrir o perigoso assassino e o que fariam para
salvar os seus entes queridos.
Opinião: Já me tinha rendido a este autor com O Assassino 50/50 e Mar de Sangue, restando-me apenas ler este Um Grito de Ajuda. Acho que devo mesmo manifestar o meu apelo às Publicações Europa América para que não cessem as publicações das obras de Steve Mosby!
Em linhas gerais, este autor escreve thrillers pesados, um índice de violência elevadíssimo, embora este se manifeste pouco em Um Grito de Ajuda, sendo a componente psicológica a que sobressai.
Ainda assim, as suas tramas são completamente independentes, registando em cada uma delas, uma forte originalidade por parte do autor. Neste caso em concreto, Um Grito de Ajuda alia-se à poderosa evolução das tecnologias, sob a perspectiva de um assassino, que imobiliza pessoas nas suas casas, deixando-as morrer de desidratação. Ele envia apenas textos e e-mails suficientes "deles" para os seus amigos e
familiares afim de teoricamente, tranquilizar as pessoas de que está tudo
bem. Constitui portanto uma reflexão à seguinte pergunta: "Até que ponto se importa com os seus amigos e familiares?". Será que você se importa o suficiente para os ir ver, independentemente do tempo que passou desde a última visita, Uma pergunta que sem dúvida, tem implicações profundas.
Por outro lado, o autor relata a história de Mary, que recorre à auto mutilação, como forma de alivio da dor que sente com as recordações do seu pai. Surpreendentemente, é raro ver esta temática mencionada na literatura policial, e penso que Mosby terá dotado Mary com características aprazíveis de quem tem este transtorno. Surpreendeu-me/chocou-me muito este comportamento por parte desta personagem.
Mosby mantém a estrutura que o caracteriza nos seus romances policiais anteriores: a trama narrada sob a perspectiva de Dave Lewis, intercalada com a narrativa na terceira pessoa, quando se trata dos avanços da investigação sob o comando de Sam Currie. A meu ver, e em primeira análise, é uma forma bastante concreta afim de nos alhearmos sobre os sentimentos de Dave face a provação que é descrita nesta trama.
De facto, esta é uma personagem complexa, uma vez que ainda lida com a morte do seu irmão, ainda quando Dave era criança. Esta personagem, jornalista a fulltime mas mágico em horas livres, tem um role considerável de ex-relações: Julie, Emma e agora Tori enveredam na teia do serial killer e cabe a Dave agir rapidamente.
Por outro lado, o detective Sam Currie é também uma personagem marcada: a sua incapacidade em impedir a morte do seu filho foi fulcral para terminar o seu casamento, tendo lançado uma sombra sobre a sua vida e carreira.
Duas personagens tão diferentes mas ao mesmo tempo com passados tão conturbados, acentuando a certeza de que estas se irão cruzar na trama.
Em suma, Um Grito de Ajuda configura-se como uma trama extremamente inteligente, embora com algumas incongruências, mas que em linhas gerais, traduz-se numa leitura ávida e entusiástica. É garantido suspense até ao final, e emoções fortes de naturezas várias!
Steve Mosby até hoje, é um dos poucos autores a conceber serial killers desprovidos da avidez de matar, ao invés, deixam morrer lentamente, num quase dissimulado sadismo. Mais do que recomendar este livro, até porque de Steve Mosby não consigo
eleger um preferido, sugiro a leitura de qualquer livro do autor: todos eles constituem grandes obras no que concerne à literatura policial.