quinta-feira, 31 de julho de 2014

A Estante está mais cheia [Julho]


Mais um mês que termina, mais um registo das aquisições. Cheira-me que em Agosto esta rubrica das aquisições vai ser bem pobre para compensar estes meses todos. 
Estes foram os livrinhos novos que entraram em Julho na estante. Não passo sem endereçar os meus agradecimentos às editoras que proporcionam grandes momentos de leitura. Desta selecção apenas li As Raparigas Cintilantes e A Ilha dos Espíritos, tendo guardado os restantes para as maratonas literárias que estão a decorrer no Facebook e no Goodreads. E vocês já leram algum destes? Algum destes livros está na vossa wishlist?

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Robert Wilson - Nunca me Encontrarão [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: É partindo de uma premissa um pouco exagerada (afinal de contas que adolescente é que foge da casa dos pais e deixa um bilhete a notificar os progenitores do feito?) que se desenvolve este thriller, o segundo protagonizado por Charles Boxer.
Relembremos que em Pena Capital, o protagonista esteve a braços com um rapto de uma jovem e o mesmo se sucede na presente obra, embora com outra dimensão. Temos um desaparecimento, a princípio de livre vontade, da sua própria filha. E este terá consequências inimagináveis...

O livro entrelaça duas subtramas: Boxer debruça-se sobre o paradeiro da filha e Mercy Danquah, a mãe, dedica-se à investigação de um rapto de um menino de 10 anos, Sasha, filho de um antigo agente dos serviços secretos russos.

À medida que desfolhei as páginas, achei que acima de tudo, os contornos do desaparecimento de Amy foram exagerados. Relembremos que estes planos de desaparecimento foram engendrados por uma adolescente de 17 anos e na minha opinião, a imaturidade nesta idade interfere com a a capacidade de arquitectar plano tal aparentemente tão convincente. Obviamente que omito este desígnio a fim de evitar qualquer spoiler mas o meu caro leitor perceberá assim que ler este livro.
Se a personagem de Amy me pareceu ser demasiado excessiva, posso dizer que a outra vítima de rapto, Sasha, de apenas 10 anos, revela uma maturidade incomum para a idade. Atrevo-me a considerar que porventura, o autor quis retratar duas situações completamente opostas: uma adolescente que foge, fruto de um farto devaneio e por outro lado, um menino que aprendeu a crescer à força, lidando com uma mãe com problemas.

Nunca Me Encontrarão está na onda do livro antecessor: uma história sobre rapto num rico background das personagens. Com excepção de Amy, estas denotam uma grande profundidade. Acabam por ser explanadas as interacções da adolescente não só com os pais como com a avô e perceber como estas percepcionam o desaparecimento da jovem. 
Contudo, nem todas as personagens são necessariamente boas. Wilson mergulha nos recônditos do mundo da droga e tráfico de estupefacientes, num cenário sombrio apresentando uma hierarquia do negócio, onde a motivação número um é o dinheiro e quase em paralelo, a vingança em relação aos credores.
Se eu considerara Pena Capital como um livro extremamente sensorial, o mesmo afirmo em relação à presente obra. A trilha de Amy conduz o protagonista até Espanha, havendo locais copiosamente descritos. Para maior integração da cultura espanhola, várias palavras são apresentadas em castelhano. Depreendo que o autor seja autodidacta pois apercebi-me de um erro: castanho não é castaño mas sim marron. 

Senti falta de uma reviravolta final que me deixasse estupefacta, como gosto que aconteça na literatura, em geral. A história foi toda muito coerente e algo linear dentro das histórias cliché sobre raptos. Um tema que não é maçador, antes pelo contrário, inerente a uma história de rapto a trama consegue ser emocionante e tensa.

Em suma, penso que esta série de Charles Boxer, a avaliar pelos dois primeiros livros, está bem conseguida embora gire em torno de raptos e desaparecimentos, cingindo-se a essa temática. 
Desta forma e na minha opinião, acaba por ficar um pouco aquém da tetralogia de Javier Falcón que, por abarcar uma variedade de crimes, é bem mais rica. É também uma série com mais crimes, de natureza mais crua. 
Ainda assim, indubitavelmente o meu livro preferido do autor é o Último Acto em Lisboa, trama de acérrima qualidade e que não hesito em recomendar. Não obstante, Nunca me Encontrarão proporcionou-me um bom momento de leitura.

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terça-feira, 22 de julho de 2014

Samantha Hayes - Até Que Sejas Minha [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Há muito tempo que não lia um thriller psicológico assim tão bom! Uma história que se debruce no mais íntimo das emoções humanas. Não há nada que emane mais medo do que uma obsessão. Creio que uma fixação tão forte despoleta reacções que vão muito além da racionalidade e conduzem a comportamentos verdadeiramente chocantes. No presente livro, claramente que o objecto de obsessão é o desejo da maternidade. 
O facto é que tenho constatado esta temática mais desenvolvida no cinema do que na literatura. Instinto Fatal, Jovem Procura Companheira são meros exemplos ainda que tratem fixações de foro diferente do que é abordado na presente obra. O que de início me parecia ser uma história nos mesmos moldes de A Mão Que Embala o Berço, rapidamente assume proporções ainda mais assustadoras quando cruza uma outra história de um homicídio de uma rapariga grávida e mais tarde, um ataque a uma jovem também em estado de graça.

Portanto coexistem duas tramas: a da vivência da família de Claudia agora com a ama Zoe e paralelamente, a investigação levada a cabo por Lorraine, cujos problemas assentam sobre a relação mãe-filha e no seu casamento com o também investigador, Adam. Indubitavelmente, ainda que com diferentes ilações, a maternidade é o cerne da questão na trama e que une as três personagens femininas.

O aspecto que achei mais curioso no livro foi a forma como este é narrada a trama, sob três perspectivas. sendo que duas recorrem à narração na primeira pessoa: Claudia e Zoe. Apesar do leitor ser privilegiado com uma série de informação em primeira mão sobre a ama e as intenções dela para com a família, é-nos omitido o seu plano. Apenas fica a percepção de que esta é mal intencionada para com Claudia e família, muito devido à obsessão de engravidar, que se intensifica à medida que a vamos conhecendo e uma personagem de papel secundário, Cecelia. Da parte de Claudia são manifestas as paranóias decorrentes de um estranho no seio do próprio lar. 
Considero, por esta razão, que a presente obra se encontra inteligentemente bem escrita. Os capítulos são se tornam confusos ainda que tenham dois narradores participantes que alternam, e contribuem para que conheçamos melhor estas duas personagens femininas.

De uma maneira geral, as personagens são extremamente interessantes e psicologicamente complexas. Falo principalmente de Lorraine, Claudia e Zoe.
Saliento que apreciei a escolha do trabalho de Claudia, sendo ela assistente social, recordando-me inúmeras vezes de uma amiga que tem esta ocupação profissional. Daí que tenho consciência que esta área é de facto bastante sensível e identifiquei-me muito com o trabalho da personagem.
A forma como a infertilidade é abordada na obra é verosímil e a dor decorrente de abortos espontâneos é palpável. O desejo em engravidar o mais rapidamente possível é uma sensação sufocante, logo desde o prólogo. Daí que tenha achado as personagens credíveis, apesar dos comportamentos exagerados que advêm de um típico transtorno obsessivo. Estas atitudes conferem um ambiente de suspense que se vai intensificando à medida que Zoe se revela e por outro lado, se chega a conclusões sobre o homicídio de Sally-Ann e o ataque a Carla.

Gostei do culminar da história, embora tenha achado que ficaram algumas pontas soltas em relação a duas personagens. Não menciono os seus nomes a fim de permanecerem uma suspeita aquando o leitor começar esta leitura. Embora tenha antecipado alguma coisa em relação ao final (afinal de contas, os poucos intervalos que fiz durante a leitura serviram para, além dos meus afazeres, reflectir um pouco sobre a história que estava a ler), reconheço que este foi surpreendente e coerente com o que tinha acabado de ler. 

Em suma, abordando os limites mais aterradores do desejo de ser mãe, Até Que Sejas Minha, constitui uma ávida e emocionante leitura. É um livro tenso e estimulante, recomendado para os fãs de thriller psicológico, um dos melhores do género que li este ano! Valerá a pena, sem dúvida, esperar até Janeiro de 2015, altura em que a TopSeller tenciona publicar Até Que Morras, que terá como protagonistas a dupla de investigadores Lorraine e Adam.

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domingo, 20 de julho de 2014

Lauren Beukes - As Raparigas Cintilantes [Opinião]

Sinopse: AQUI

Opinião: Se pudesse caracterizar As Raparigas Cintilantes com apenas um adjectivo, este seria incomum na medida em que se centra num serial killer com a habilidade de viajar no tempo. Estas viagens eram feitas por intermédio de uma casa, quase em estado devoluto mas com as capacidades de um DeLorean.
É portanto um aspecto que atenua o efeito de realismo na história, remetendo o leitor para um plano da ficção científica. Ora, uma leitura ideal para quem aprecia o género em questão. 
Um outro ingrediente também pouco usual (embora este seja um pouco mais comum do que o anterior) é o facto de nos ser desvendado, logo no início, a identidade do homicida, Harper Curtis. Para os fãs do género policial, muitos concordarão que a grande surpresa é maioritariamente a descoberta do assassino, pelo que, ao longo da leitura, senti-me na expectativa com o que se seguiria.

Daí que, tenho que vos ser sincera, durante as primeiras páginas não sabia o que pensar do livro. Por um lado, gostara de entrar na mente de Curtis, até porque pelo que parece, está provado cientificamente que o cérebro de um serial killer é diferente dos demais. Um homem cruel, estranho que tem como uma gratificação o acto da masturbação, podendo esta recompensa estar desfasada décadas antes ou depois dos crimes. À medida que Curtis se desloca entre os anos 30s e 90s e matando as suas vítimas, vai deixando ícones anacrónicos com os cadáveres, o que permite o leitor acompanhar um pouco as gerações abrangidas no enredo. 

Como devem calcular, normalmente prefiro as explicações racionais e plausíveis nos deslindares dos casos de investigação policiais. Pelo que livro peca ou destaca-se, como queiram chamar, por ter um serial killer de modus operandi tão inverossímil. Definitivamente, é preciso estar open minded para a leitura que se segue.

Por tratar de um protagonista viajante no tempo, a narrativa está organizada em capítulos cronologicamente desordenados. A história ora avança algumas décadas, ora retrocede. Acaba por ser algo confusa a forma como se organiza a narrativa numa primeira fase mas à medida que vamos contactando com as raparigas cintilantes, inicialmente em tenra idade, acaba por ser inevitável um laço entre as personagens e o leitor. A dificuldade dos saltos temporais acaba por ser secundária face à vontade de conhecer mais sobre as vítimas que se instala naturalmente.
Naturalmente que entre as personagens, Kirby acaba por se destacar. É ela quem escapa ao ataque de Harper e que mais tarde se dedica à investigação, correlacionando os vários factos referentes aos homicídios das raparigas. Numa passagem altamente comovente e aflitiva, o leitor apercebe-se como ela escapou de Harper, resultando em múltiplas cicatrizes. Para mim, este foi o ponto alto da trama, quase tão emocionante como a descrição dos homicídios. Gostei principalmente destas, dotadas de violência. Pessoalmente, como apreciadora deste pormenor na literatura policial, agradou-me muito ter-me deparado com um livro tão fora do convencional e no entanto, mantendo este nível de pormenorização tão gráfico.

Em suma, este conceito das viagens no tempo resultou bem no género thriller, tornando-o deveras original. É o primeiro que leio nestes moldes. Não obstante, acaba por ser este o aspecto inovador pois a história não trouxe, a meu ver, surpresas significativas. São as reviravoltas no enredo, muitas delas com um twist final, que me deixam entusiasmada. Claramente que este foi um aspecto descurado, pois o enredo, apesar dos saltos temporais, é relativamente linear. Não desgostei do livro, indubitavelmente As Raparigas Cintilantes proporcionou-me uma leitura diferente dos moldes habituais. No entanto, confesso que não me entusiasmou tanto quanto esperava, pelas razões que menciono acima.

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sábado, 19 de julho de 2014

James Patterson & David Ellis - Invisível [Divulgação Editorial TopSeller]


Data de publicação: Julho 2014

               Titulo Original: Invisible
               Preço com IVA: 17,49€
               Páginas: 352
               ISBN: 9789898626462

INVISÍVEL. Decore este título, pois ele vai persegui-lo até final de agosto! Trata-se do novo thriller de James Patterson, o autor mais bem-sucedido da última década com mais de 300 milhões de livros vendidos.

De Norte a Sul do país, se alguém lhe oferecer um mini livro para ler na praia, ou durante os festivais de verão, isso é… Invisível. E, se der por si a olhar para as paredes, ou a pisar a frase “#OLIVRODOVERÃO”, isso é… Invisível!*

Sinopse: Emma está obcecada com a investigação de uma série de incêndios que provocou a morte de pessoas e que à primeira vista parecem não ter qualquer ligação entre si. Todos dizem que foram acidentais, mas Emma insiste que foram provocados por um único serial killer. Mas há algo mais, e muito pessoal, que move Emma: uma das vítimas era sua irmã. Irmã gémea.
Nem mesmo o seu ex-namorado, um antigo agente do FBI, consegue acreditar que dezenas de incêndios, raptos, mutilações e assassínios estejam todos relacionados. Mas Emma vai encontrar uma peça-chave que os ligará a todos.
Novos crimes surgem a cada dia e todos parecem inexplicáveis. Sem motivos, sem armas do crime e sem suspeitos. E Emma não vai descansar enquanto não encontrar o assassino. Ou irá o assassino encontrá-la a ela primeiro? Pode realmente uma única pessoa ser responsável por estes crimes impensáveis?

Sobre o autor: James Patterson, considerado o autor mais bem-sucedido da última década, com mais de 300 milhões de livros vendidos, continua a somar tops de vendas. É o autor dos policiais Alex Cross, os mais populares dos últimos vinte e cinco anos, dentro do género.

David Ellis é um advogado de Chicago e autor de nove romances, incluindo Line of Vision, com o qual conquistou o Edgar Award para Melhor Romance de Estreia de um Autor Americano, e The Hidden Man, que em 2009 lhe valeu uma nomeação para o Los Angeles Times Book Prize.

Leia as primeiras páginas aqui



quinta-feira, 17 de julho de 2014

Donna Leon - Vestido Para a Morte [Divulgação Editorial Planeta]


Data de publicação: 23 Julho 2014

               Titulo Original: Dressed to Death
               Preço com IVA: 18,85€
               Páginas: 296
               ISBN: 9789896574987


O terceiro livro escrito pela grande Senhora do Crime, agora recuperado e reeditado pela Planeta.

Uma história de mistério e intriga emocionante, protagonizada pelo Comissário Guido Brunetti, com a assinatura da consagrada Donna Leon.

Já com um total de dez livros editados pela Planeta, os romances desta autora acrescentam ao policial uma componente social. 
Neste livro, Donna Leon aborda os problemas da prostituição masculina - crítica a homofobia da sociedade - e da corrupção bancária, sempre com Veneza como pano de fundo.

Sinopse: A esperança do Commissario Guido Brunetti de escapar do calor sufocante de Veneza em Agosto e de desfrutar de umas férias em família nas montanhas é gorada quando uma descoberta macabra é feita num campo em Marghera. 
Um corpo está tão espancado, que o rosto é irreconhecível. A vítima parece ser uma prostituta transsexual. O comissário começa as buscas em Veneza de alguém que possa identificar o cadáver, mas depara-se com um muro de silêncio. 
Então recebe um telefonema prometendo informações, a condição é que se encontre com o interlocutor numa ponte na cidade, a meio da noite. Apesar do perigo, Brunetti continua determinado a descobrir a verdade e quando a desvenda depara-se com uma realidade assustadora.

Sobre a autora: Donna Leon nasceu a 29 de Setembro de 1942, em Nova Jérsia, mas viveu em Veneza durante vinte anos. Exerceu a actividade de Leitora de Literatura Inglesa na Universidade de Maryland. 
Há alguns anos a autora decidiu deixar o ensino para se dedicar à escrita e à música barroca. Apesar de ter chegado à escrita por acaso, atingiu rapidamente o êxito com a série policial protagonizada pelo Commissário Brunetti, consagrando-se como A Grande Senhora do Crime. 
Os seus livros estão traduzidos em mais de 23 línguas e são um êxito de vendas e da crítica. A escritora venceu o Crime Writters Association Silver Dagger em 2000 na Europa e nos Estados Unidos.

Imprensa
«Donna Leon possui um talento especial para a criação de ambientes e reviravoltas no enredo que cativou milhões de admiradores e se nunca passou pela experiência de ler um dos seus romances, não poderia haver ocasião mais apropriada para começar do que esta.» 
Sunday Telegraph



quarta-feira, 16 de julho de 2014

Alberto Marini - Enquanto Dormes [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Nunca li um prólogo que me entusiasmasse quase tanto quanto a própria história. Em Enquanto Dormes, este foi redigido por Jaume Balagueró, realizador do filme Mientras Duermes, é um dos profissionais do cinema que mais admiro.
Balagueró explica que este livro é fruto do argumento do filme de título homónimo, uma adaptação cinematográfica que já tive oportunidade de ver, tendo achado que a história é de facto bastante perturbadora. E desta forma, um argumento que é um texto dramático, composto apenas por diálogos, tornou-se um texto narrativo em que as falas pouco abundam face às descrições dos acontecimentos perturbadores que marcam toda a história. Um facto que não interferiu com a avidez da leitura, dado que o ritmo é acelerado, apresentando sempre elementos novos.

Constatei um pequeno erro na sinopse: é-nos dito que Clara é a condónima do 5ºB quando na realidade, ela vive no 9ºA. 

Notei poucas diferenças entre o livro e o filme, embora mais uma vez tenha achado que a obra inclui pormenores que foram descurados na adaptação cinematográfica. O porteiro Cesar, que aqui se chama Cillian, é o protagonista e simultâneamente o vilão. O leitor é privilegiado, desde o início da narrativa, da estranha rotina do porteiro e da obsessão que este desenvolve por uma inquilina, Clara. Admiro as personagens emocionalmente tão complexas quanto Cillian, que no caso em particular, é claramente um doente mental com distúrbios de sociopatia e que pouco valoriza a sua vida. 

À medida que me embrenhei na história, achei que esta foi-se dotando de contornos cada vez mais chocantes. Certo é que, por ter visto o filme anteriormente, não trouxeram grande surpresa. O impacto seria maior se desconhecesse de todo a história. Não só no jogo macabro com Clara, o objecto de obsessão de Cillian, como nas relações com os outros condóminos. Perturbou-me muito a relação de Cillian com um jovem, Alessandro, personagem esta que foi completamente omitida no filme. Esse elemento foi para mim, o de maior estupefacção.

A narrativa em questão explora os limites da invasão de privacidade, uma temática pouco usual na literatura. E fá-lo convincentemente. Viver num prédio gerido por um porteiro ainda é comum nos dias de hoje e este livro faz reflectir na confiança que o inquilino estabelece com o zelador. É um efeito aterrador! Penso que, por esta razão, este medo se torna palpável à medida que desfolhamos as 300 páginas do livro. A mim, estas souberam-me a pouco. Cada vez sentia mais repulsa e simultâneamente fascínio pela personagem de Cillian e compaixão pelos demais que convivem com o protagonista.

Em suma, Enquanto Dormes é uma história inquietante. Apesar de ter uma adaptação cinematográfica e esta ser, em linhas gerais, bastante fiel ao livro, recomendo a leitura da obra. É mais detalhada e altamente pejada em pormenores pérfidos num contexto real e por conseguinte, é algo credível. 
Para mim, Enquanto Dormes é mais do que um simples thriller: é uma viagem aos recônditos da mente de um psicopata. Uma adaptação do filme extremamente bem conseguida!

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terça-feira, 15 de julho de 2014

Sandra Brown - Tornado [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Costumo seguir as obras de Sandra Brown. São policiais leves e que se lêem num ápice, óptimos para desanuviar das leituras mais pesadas. Já tenho alguns favoritos e este Tornado entrou nessa lista. Simplesmente adorei o mistério em torno da morte de Susan, irmã de Bellamy, num dia em que um tornado assolou a cidade onde viviam as duas irmãs, o pai, a madrasta e o seu filho. Apesar das circunstâncias de catástrofe natural, foi provado que Susan foi vítima de um homicídio. Recaindo algumas suspeitas sobre um reduzido número de suspeitos, o livro que agora é escrito por Bellamy e que revela alguns factos novos para a investigação, despoletou a fúria de uma personagem.

Um dos aspectos que apreciei na protagonista é, sendo ela escritora, a paixão que ela nutre pelos livros. A história deixa antever um pouco sobre aquele que é o processo de publicação de um livro, processo que me satisfez um pouco da minha curiosidade sobre o tema.
Com baixa auto-estima, Bellamy acaba por ser uma personagem que cativa o leitor, muito devido à experiência de perder um ente querido como a irmã em tão jovem idade. Ainda que tivesse recalcado algumas recordações referente a este acontecimento, Bellamy é uma personagem com fortes problemas decorrentes desse dia traumático, provando que um crime desta dimensão nunca terá as suas feridas saradas.

Por outro lado temos o personagem masculino: Denton Carter fora namorado de Susan e ilibado aquando o crime. Actualmente piloto, foi contratado para transportar Bellamy e a sua madrasta. As suas vidas voltam a cruzar-se, dezoito anos depois. Desta vez, Denton determinado em conhecer a verdade, associa-se a Bellamy numa investigação que os irá colocar em perigo diversas vezes. 

A história debruça-se sobre várias tragédias no seio familiar, desde doenças terminais e aceitação da homossexualidade. Para além do breve trato na matéria de publicações literárias, há uma explanação (a meu ver menos interessante pois o tema nunca me seduziu) sobre o vôo. Visto que é a prática profissional de Denton, a autora recorreu a alguns pilotos a fim de pesquisar convenientemente sobre sequências de vôo e até mecânica básica de aviões. Nada que interfira no ritmo da história, apenas são factos necessários afim de consolidar os conhecimentos do personagem masculino.

Gostei do desfecho, intenso e qualquer coisa de inesperado. Ainda que exista um número limitado de personagens, o assassino foi o menos óbvio dos suspeitos. As considerações finais, explicativas do crime, foram extremamente convincentes. 

Em suma, não especificando uma obra de Sandra Brown, os seus livros são, em regra geral, óptimas leituras de verão. Com mistérios aparentemente simples mas pejados de reviravoltas e clima sexual entre os protagonistas, gerando passagens extremamente quentes.
Um elo harmonioso entre a literatura sensual e o policial, um subgénero que se denomina por suspense romântico e que propicia uma leitura célere e descontraída. Tornado não foi excepção e foi um dos meus preferidos. Recomendo!

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Paul Bowles - A Casa da Aranha [Divulgação Editorial Quetzal]


Data de publicação: 18 Julho 2014

               Titulo Original: The Spider´s House
               Tradução: Jorge Pereirinha Pires
               Preço com IVA: 19,90€
               Páginas: 504
               ISBN: 9789897221750

Sinopse: Verdadeiro thriller político, com a medina de Fez em pano do fundo e os tempos explosivos do movimento nacionalista marroquino. Embora todos os romances de Paul Bowles espelhem o encontro e o conflito entre civilizações, neste, muito menos subjetivo, a aguda clivagem entre a cultura árabe e a do colonizador francês é profundamente explorada, com grande detalhe e intensidade. A forte tenção política e social que enquadra a intriga - protagonizada por um americano comunista, um rapazinho analfabeto e uma atraente mulher ocidental -, o ambiente de conspiração nacionalista e a infinidade de matizes, que restituem a milenar cidade de Fez à sua complexidade e vida, tornam A Casa da Aranha num marco na obra de Paul Bowles.

Sobre o autor: Paul Bowles nasceu no bairro de Queens, em Nova Iorque. Em 1929 iniciou-se nas viagens, passando uma temporada na Europa, onde conheceu Gertrude Stein, Jean Cocteau, Ezra Pound, Christopher Isherwood e Kurt Schwitters, entre outros.
Em 1931 viajou pela primeira vez para Tânger, onde viveria grande parte da sua vida. Em 1957 conheceu a escritora Jane Auer, com quem manteve um casamento aberto, até à morte de Jane, em 1973.
Nos anos 50, vivendo grandes períodos no Norte de África, Bowles recebeu na sua casa de Tânger as principais figuras da Geração Beat. Durante a longa vida de viajante e expatriado, Paul Bowles trabalhou incessantemente como escritor e compositor e viu reconhecidas as suas obras: na literatura, por exemplo, O Céu Que Nos Protege, romance que ocupou o primeiro lugar da lista do New York Times e que foi adaptado ao cinema por Bernardo Bertolucci. Com Viagens, a Quetzal inaugurou uma série dedicada a Paul Bowles, a que se junta agora A Casa da Aranha, romance que se publica pela primeira vez em Portugal.

Imprensa
«Uma complexa tela de argumentação ideológica, realçada pelas imagens de Fez (…), um mundo estático a sair da sua insularidade.»
Kirkus Review



Joakim Zander - O Nadador [Divulgação Editorial Suma de Letras]


Data de publicação: 23 Julho 2014

               Titulo Original: Simmaren
               Preço com IVA: 17,70€
               Páginas: 464
               ISBN: 9789896722708

Sinopse: Um thriller viciante que não poderá parar de ler. Damasco. Uma noite quente no princípio dos anos 80. Um agente americano entrega a sua bebé a um destino incerto, uma traição que jamais se perdoará e que será o começo de uma fuga de si próprio. Até ao dia em que não pode continuar a esconder-se da verdade e se vê obrigado a tomar uma decisão crucial. 
Trinta anos depois, Klara Walldéen, uma jovem sueca que trabalha no Parlamento Europeu, vê-se envolvida numa trama de espionagem internacional na qual está implicado Mahmoud Shammosh, o seu antigo amante e ex-membro das forças especiais do exército sueco. Klara e Mahmoud transformam-se no alvo de uma caçada através da Europa, um mundo onde as fronteiras entre países são tão ténues como a linha que separa um aliado de um inimigo, a verdade da mentira, o passado do presente.

Sobre o autor: Joakim Zander nasceu em Estocolmo, Suécia em 1975 e passou a sua infância em Söderköping. Estudou Direito na Universidade de Uppsala, tendo-se doutourado na área na Universidade de Maastricht. A sua dissertação The Application of the Precautionary Principle in Practice foi publicada pela Cambridge University Press e galardoada com o prémio Rabobank em 2012. Joakim Zander trabalhou para o Parlamento Europeu e Comissão Europeia em Bruxelas. Vive actualmente na Finlândia com a sua mulher e dois filhos. 



Passatempo Wilbur Smith - A Vingança de Sangue [Resultado]


Com a preciosa colaboração da editora Editorial Presença, a menina dos policiais tinha um exemplar de A Vingança de Sangue de Wilbur Smith para oferecer. Desde já agradeço à editora e aos participantes que contribuíram para o sucesso deste passatempo. Com 225 participações válidas, as respostas correctas eram:

1. Vingança de Sangue é sequela de que livro? A Lei do Deserto
2. Onde nasceu Wilbur Smith? Zâmbia
3. Como se chama a personagem que é assassinada brutalmente? Hazel Bannock
4. Como se chama o primeiro livro de Wilbur Smith? When The Lion Feeds

Note-se que este passatempo tinha uma particularidade facultativa: quem partilhasse o passatempo no Facebook, no seu mural e de forma pública, a participação era duplicada. Assim, quem participaria na posição 1 e cumprisse este requisito, participa com os números 1 e 2. O objectivo era divulgar o blogue aos amigos :)

E após um sorteio no random.org, a vencedora é:

182 - Ana Tavares (Mem-martins)

Parabéns à vencedora!!! A todos os que tentaram mas não conseguiram, não desistam pois terei o maior prazer em fazer estes passatempos! Boa sorte e boas leituras para todos!


Para mais informações sobre o livro Vingança de Sangue, clique aqui
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sábado, 12 de julho de 2014

Lindsey Davis - A Informadora [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião por Ricardo Grosso: Assim como no antigo Egipto as mulheres tinham um papel preponderante na sociedade, podendo inclusive ser gestoras de negócios ou assumir o papel de chefes de família, já na Grécia antiga as mulheres estavam arredadas da vida civil e política e confinadas a uma parte das suas casas, denominada giniceu (do Grego antigo gynaikeion ou γυναικείον) destinada exclusivamente às mulheres, onde as mesmas passavam os seus dias a cuidar dos seus lavores, bem como das crianças até aos 7 anos de idade.

Tradicionalmente, a realidade das mulheres na Roma antiga não era muito diferente da das mulheres gregas, todavia, à medida que o Império Romano se foi alargando foi recebendo influências de outras civilizações com as consequentes alterações ao nível das mentalidades e das relações entre os géneros.

É nesse contexto de uma Roma já imperial que Lindsey Davis nos oferece esta narrativa apresentando-nos Flávia Albia, uma mulher romana (embora de origens obscuras) que ganha a vida como informadora, ou seja, alguém que investiga casos numa esfera privada, praticamente comparável ao trabalho desenvolvido pelos actuais detectives particulares. Uma obra que nos é trazida, na edição portuguesa, pela Editora ASA.

A autora, licenciada em literatura inglesa pela Universidade de Oxford, tem já vários romances históricos publicados tendo como pano de fundo a antiga Roma e as investigações levadas a cabo pelo informador Marco Didio Falco. Desta feita a protagonista é Flávia a filha de Falco. Confesso que este foi o primeiro livro que li desta autora, tendo ficado curioso relativamente a outras obras do cânone de Lindsey Davis.

Poder-se-á dizer que não é a obra mais fácil para quem está interessado em enveredar, pela primeira vez, no romance histórico, dadas as descrições algo extensas da cidade de Roma, sobretudo do monte Aventino, facto que pode dar a irritante sensação de quebra no ritmo da narrativa. De um modo geral, os romances históricos são sempre muito descritivos, facto que poderá ser explicado como uma tentativa de transportar o leitor para o ambiente narrativo, contudo, essas mesmas descrições, facilmente correm o risco de se tornar fastidiosas, sobretudo para quem não possui alguma bagagem cultural de História.

Mesmo para mim que sou formado em História e para quem todo o ambiente da Roma antiga não é totalmente desconhecido, confesso que nas descrições das ruas e edifícios públicos fiquei com vontade de ler na diagonal para voltar à acção propriamente dita.

Posto isto, a trama pode ser resumida de uma forma muito simples. Um número de mortes inexplicáveis aumenta significativamente em Roma em vésperas das festividades dedicadas à deusa Ceres (deusa romana da agricultura, da vegetação e também associada à maternidade). Flávia Álbia, começa por investigar por conta própria, mas dada a sua condição feminina, muitas das vezes terá que impor o seu estatuto junto das autoridades romanas. À medida que as mortes se vão sucedendo e a protagonista vai juntando as pistas, começa a ser um pouco óbvio qual o desfecho.

Posso afirmar sem prosápia que a partir do último terço do livro já é possível dar por nós a antecipar o desfecho da acção. Um ponto positivo vai para um twist nas derradeiras páginas que nos pode fazer dar uma palmada na testa e exclamar “Ah! Como é que eu não percebi isto?”

Em resumo é uma narrativa ligeira apenas dificultada pelas partes descritivas, conforme já referido, e que nos pode fazer soltar uma ou outra gargalhada derivada do sarcasmo da protagonista.


Camilla Läckberg - A Ilha dos Espíritos [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: A Ilha dos Espíritos é já o sétimo livro protagonizado por Patrick Hedstrom e Erica Falk e posso dizer que esta dupla continua a surpreender-me. Esta é daquelas séries que não tenho reservas em recomendar, especialmente a quem gosta de romances e gostaria de enveredar num policial. Penso que esta é a autora perfeita para tal uma vez que o desenvolvimento da relação entre as personagens assume um preponderante destaque.

Aguardava por este livro desde que li A Sombra da Sereia, um livro que me marcara por ter um final tão aliciante como imprevisível. Rapidamente li as primeiras páginas no Kobo, em inglês e por não estar habituada (à língua e ao formato), fui instigada a desistir e enveredar por outras leituras em português.

Um ano depois, eis que chega A Ilha dos Espíritos. A presente obra segue a fórmula já usada por Läckberg, interpondo duas narrativas aparentemente independentes, distanciadas por espaço temporal relevante. Se por um lado, a acção recua até 1870 na ilha de Gråskär, por outro acompanhamos a actualidade em Fjällbacka.
À primeira vista, um aspecto que apreciei neste livro foi a forma como a autora me deu a conhecer mais um local na Escandinávia. A ilha de Gråskär não é ficcionada, aliás como Fjällbacka (a terra natal da escritora) e para quem não foi ainda à Suécia, foi a forma perfeita de conhecer mais um local, ainda que na trama esta ilha em questão seja, aparentemente, pejada de suposições sobrenaturais. Claro que, como todos os livros até então da autora, estas hipóteses são deitadas por terra e todas as explicações são lógicas e racionais.

O tema base é, como referido na sinopse, a violência doméstica. É tema recorrente na literatura policial e com um trato bastante cru, uma vez que, infelizmente, este ainda é um dos flagelos que atinge a sociedade actual. Este é também o fio condutor das duas subtramas: a de Emelie que vive com Karl no século XIX na ilha e agora no século XXI, de mulheres que passaram pelo Refúgio: uma associação de acolhimento de vítimas de maus tratos. E é precisamente um colaborador que trabalha na associação, Mats Sverin, que é morto a tiro. Relativamente a este homicídio devo dizer que gostei da descrição do mesmo, breve mas simultaneamente gráfica.

Como já acontecera com os livros anteriores, A Ilha dos Espíritos proporcionou uma ávida leitura. É daqueles livros que simplesmente não se consegue parar de ler. Quer pela intensidade dos acontecimentos, quer pelos novos desenvolvimentos das personagens que, para quem acompanha a série como eu, tornam-se tão fascinantes quanto a resolução do caso policial. Em relação a este, posso dizer que é pautado por inúmeras reviravoltas e, a páginas tantas, segue um rumo que para mim, foi completamente inesperado.
Inesperado é um adjectivo que pode qualificar o destino de uma das personagens, que a pouco e pouco foi-se tornando querida pelos leitores: Anna, a irmã de Erica, vê-se a braços com um problema que muda o seu papel na trama.

Esta narrativa prima por um clímax bastante satisfatório, bem diferente do final do livro antecessor em que as circunstâncias de um acidente tinham ficado em aberto. O início de A Ilha dos Espíritos explica aquilo que ficou em stand-by n´A Sombra da Sereia. Claro que, ainda assim, anseio muito por ler o próximo livro da autora, sabendo que, para tal, terei que esperar mais um ano. 

Em suma, este foi um livro que me deixou expectante durante toda a sua leitura. Pela crueza das descrições, da resolução final do crime e pelos próprios destinos das personagens. Mais do que um livro espectacular, esta é uma série obrigatória. Recomendo vivamente!


Erik Axl Sund - Fome de Fogo [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Uma capa fantástica. Um livro que lhe faz jus.
Na minha opinião e depois de ter dado uma vista de olhos pelas edições de outros países, as capas da Bertrand dos dois primeiros livros da trilogia de Erik Axl Sund são as mais apelativas.

Iniciei este livro com imensas expectativas. Afinal de contas, A Rapariga-Corvo foi um livro que me marcou profundamente. Por outro lado, sabia à priori que um dos grandes mistérios que esta trilogia oferece estava aparentemente resolvido e não sabia o que poderia chocar mais do que a morte das várias crianças estrangeiras no livro antecessor. Sou sensível a este tema e superá-lo seria uma árdua tarefa.
Apesar de ter gostado muito do livro, não achei que Fome de Fogo trouxesse as surpresas que A Rapariga-Corvo proporcionou. A reviravolta no livro antecessor foi talvez preponderante para que atribuísse a classificação máxima no Goodreads e na presente obra, senti que faltou um elemento que me chocasse tanto quanto a revelação de A Rapariga-Corvo. Não obstante, senti-me tão envolvida naquele ambiente negro que caracterizou o livro antecessor e certamente continuará durante a trilogia, justificando assim que reitere a minha classificação de 5 estrelas no Goodreads.

Aquela atmosfera tensa entranha-se no leitor e a sucessão de acontecimentos chocantes sobre a Victoria Bergman prossegue, intensificando o que o leitor sente sobre esta personagem. Na presente obra são-nos desvendadas mais algumas vivências por parte da personagem, reforçando o carácter que esta assume já desde a obra anterior. Falar disto é-me extremamente difícil sem que revele nada sobre Victoria Bergman uma das personagens mais estranhas e simultaneamente envolventes com que me deparei no universo literário. É precisamente com esta personagem e a incursão ao seu passado, que reside o efeito chocante que esta trilogia trouxe, denotando-se muita pesquisa sobre os mecanismos psicológicos por parte dos autores. Penso que é consensual afirmar que a forma como Erik Axl Sund disseca o efeito de um trauma, como este se manifesta na personalidade de um indivíduo, é palpável e extremamente convincente e por conseguinte, achei que a personagem de Victoria Bergman é deveras realista. No segundo volume da trilogia esta minha percepção foi ainda mais reforçada.

Em Fome de Fogo, a complexa componente sobre Victoria Bergman é intensificada por um outro caso, o aparecimento de cadáveres de alguns adultos, vítimas de homicídios (na minha opinião, não tão chocantes como o caso anterior que se tratavam de crianças mutiladas) no entanto, os contornos destas mortes são algo intrigantes. O que tornou este caso mais apelativo foi o facto de, no decorrer da investigação, Jeanette ter constatado que estas vítimas também tinham segredos no seu passado e que todos mostram ter um ponto em comum.

Naturalmente e em consonância com A Rapariga-Corvo, algumas passagens mantêm um certo grafismo, uma violência explícita que não deixará ninguém indiferente. É portanto, à semelhança do livro antecessor, uma trama muito forte que em certos momentos, me deixou genuinamente transtornada. 

Como referi, o presente livro não adianta, a meu ver, grandes reviravoltas. Os acontecimentos estão, de certa forma, coerentes com a acção do livro antecessor, pelo que os leitores fãs desta dupla não se sentirão defraudados. A continuação da história prende-se não só com um conhecimento mais aprofundado da figura central bem como um efeito de "apertar o cerco". A chave é, uma vez mais, Victoria Bergman.

Sendo o segundo volume de uma trilogia é normal que o final seja abrupto e tenha deixado mais uma vez, uma questão em aberto. Fechar o livro acaba por ter proporções tão dolorosas quanto o próprio enredo. Anseio saber o final desta avassaladora história!

Em suma, Fome de Fogo foi um livro intrigante, perturbador e ávido. Levei apenas dois dias para ler este livro e acreditem que leria o terceiro se o mesmo estivesse já disponível. Mal posso esperar por Outubro e apreciar As Instruções de Pitonisa, a aguardada conclusão de uma trilogia negra, tensa e que para mim, se tornará inesquecível.


segunda-feira, 7 de julho de 2014

Janet Evanovich - Jogo Arriscado [Divulgação Editorial TopSeller]


Data de publicação: 7 Julho 2014

               Titulo Original: Notorious Nineteen
               Colecção: Stephanie Plum #19
               Preço com IVA: 17,49€
               Páginas: 304
               ISBN: 9789898626523

Sinopse: Depois de um verão fraco a perseguir burlões de baixo nível, Stephanie Plum, a caçadora de recompensas mais sexy de New Jersey, aceita finalmente um trabalho que pode pôr a sua conta bancária em ordem.
Geoffrey Cubbin tinha sido preso por ter desviado cinco milhões de dólares de um lar de idosos, e aguardava julgamento. Internado de emergência com uma apendicite, desapareceu misteriosamente do hospital. Juntamente com os cinco milhões? Agora, Stephanie tem de encontrá-lo e devolvê-lo à justiça. Infelizmente, Cubbin desapareceu sem deixar rasto, e ninguém no hospital parece disposto a colaborar. A nossa heroína vê-se, assim, obrigada a aceitar ajuda da sua excêntrica avó Mazur, e a trabalhar lado a lado com o polícia mais cobiçado da cidade, e seu atual namorado, Joe Morelli.
Pelo caminho, para conseguir pagar a renda (e enquanto não encontra Cubbin), Stephanie aceita um trabalho secundário como guarda-costas para o seu mentor secreto e antiga paixão, Ranger. Não era bem o que Stephanie queria, mas, contas feitas, uma intoxicação alimentar por envenenamento, ameaças escritas e um vestido de dama de honor com excesso de tafetá nunca fizeram mal a ninguém, pois não?

Imprensa
«As intrigas complexas e cómicas das personagens de Janet Evanovich são alimentadas por reviravoltas absolutamente inventivas e inovadoras.»
The New York Times

«Recheados de audácia, humor e pura criatividade, os livros de Janet Evanovich, em particular a série Stephanie Plum, são realmente divertidos!» 
The Washington Post

Leia os primeiros capítulos aqui


Anteriormente publicados, da mesma colecção



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Taylor Stevens - A Informacionista [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: A Informacionista inicia uma trilogia escrita por Taylor Stevens. A este se seguirão Os Inocentes e A Boneca, livros que, agora que tive o primeiro contacto com a autora, me despertam grande curiosidade. Confesso que o livro me despertou atenção a partir do momento que atentei na "etiqueta", onde recomendava a leitura de A Informacionista aos fãs da trilogia Millennium.

O desaparecimento de Emily Burbank é a premissa para uma história repleta de acção, se bem que esta começa efectivamente numa fase tardia da trama. Pois eis que o ritmo é algo moroso nas primeiras páginas, não me tendo cativado por imediato. Percepção ultrapassada quando a trama se desenvolve e os contornos da busca por Emily começam a ter resultados.
Em simultâneo, existe uma componente de mistério que se relaciona com a personagem principal Vanessa "Michael" Munroe. Ora lendo a biografia da autora, Taylor Stevens, apercebi-me que esta teve uma infância complicada pelo que deduzo que a algumas características da protagonista terão sido derivadas da própria autora.

Por mais fascinante que Vanessa Munroe seja, não creio que esta seja comparável à personagem de Lisbeth Salander. Certamente que partilharão alguns pontos e tal como Lisbeth, Munroe é uma personagem solitária com alguns esqueletos no armário. No entanto a forma como ambas se movem nas diferentes histórias, fá-las diferentes entre si.
A personagem está formidavelmente bem formulada uma vez que o leitor consegue quase coabitar a mente de Vanessa ainda que inicialmente seja vedado o passado da personagem. Mas o pormenor que me deixou fascinada foi o facto dela conseguir falar 22 idiomas sem contar com os dialetos. Sim, eu que já sonhei em aprender alemão, sueco, e outras línguas, encontrei com Vanessa um excelente exemplo (e motivação). 

Os cenários contribuem para o ambiente de tensão, tendo algo de único. Não são muito usuais tramas com lugar no continente africano, relacionando as inúmeras as referências a insectos e falta de higiene que por norma coexiste neste ambiente e propiciam doenças. Já para não falar dos colonos mal intencionados e de atitudes que possam ter para com os estrangeiros. Algumas passagens dos ambientes foram de tal forma descritivas, que transporta o leitor até aos locais referidos.
Um verdadeiro guia de viagem diluído numa história inquietante com algumas reviravoltas e que mantém o leitor na expectativa. Muita acção marca a segunda metade do livro: perseguições e combates corpo-a-corpo fazendo-me crer que este seria um livro com uma excelente adaptação cinematográfica.

Em suma, apesar de nunca fase inicial não me ter conseguido ligar à história, o balanço final é positivo. A uma dada fase é impossível largar o livro, pelos níveis de acção que se intensificam a cada página lida e acima de tudo, pela curiosidade que a protagonista desperta. O mais marcante foi sem dúvida a protagonista e as interacções que esta estabelece com as restantes personagens. Além disso e acima de tudo, a bagagem emocional de Munroe é palpável, enriquecendo a personagem.
Fico então a aguardar pelos volumes seguintes da trilogia e acompanhar Munroe em outros casos.

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Jussi Adler-Olsen - O Guardião das Causas Perdidas [Opinião]

Sinopse: AQUI 

Opinião: Jussi Adler-Olsen era um nome que já conhecia através de participações em fóruns de literatura policial nórdica. Por ser um nome frequentemente citado, sempre tive pena de nunca terem investido neste autor no nosso país. Daí que, quando soube que O Guardião das Causas Perdidas iria ser publicado pela Editorial Presença em Junho, fiquei em êxtase!

Enquanto aguardava ansiosamente pelo lançamento do livro, não resisti e vi o filme baseado na obra. Sou sincera, prefiro os livros às adaptações cinematográficas por isso se gosto do filme, é motivo mais que suficiente para ler a obra. 
À partida, esta será mais rica em detalhes. É o que de facto se passa com este livro em concreto. 
Em grosso modo, o filme está fiel mas o livro está repleto de pormenores que foram descurados no filme, apresentando ligeiras diferenças no enredo.

Olsen relata esta história recorrendo a feedbacks, que alternam entre os anos de 2002, ano do desaparecimento da política Merete Lyngaard e 2007, a actualidade. Carl Mørck é então responsável pelo Departamento Q que visa em retornar aos casos já antigos que nunca foram resolvidos. O leitor tem assim oportunidade de acompanhar o que fora a vida da política contrapondo-se com a investigação actual. Além disso, o leitor é privilegiado por conhecer o paradeiro de Merete, informação que é ocultada aos investigadores como é evidente. 
Na sinopse é facultado um pequeno excerto, indicando que esta personagem certamente estará a ser submetida a provações físicas. Acreditem que no decorrer da leitura, estas sensações são mais palpáveis. Mantida em cativeiro, as provações a que Merete é submetida estão pejadas de malvadez e como tal, chocaram-me genuinamente.

O autor enfatiza a componente social, como aliás é usual na literatura nórdica. A vida pessoal de Merete sofreu uma reviravolta ainda em criança, o que terá mudado a sua vida bem como a do seu irmão Uffe. 
Carl, o inspector, é uma personagem extremamente sisuda. Separado de Vigga, de quem tenta divorciar-se, parece-me pouco plausível que tenha que ser este o responsável pelo enteado. E pelo hóspede indesejado. Um aparte: este ponto pareceu-me mais convincente no filme, uma vez que Carl é efectivamente o pai de Jesper.
Não sendo controverso, começa a ser hábito incluir uma personagem estrangeira nas tramas nórdicas, reforçando o poder da globalização nos dias de hoje. Há sempre uma interacção diferente entre um autóctone e um estrangeiro, realçando as evidentes diferenças culturais. O árabe Assad protagonizou uma relação dinâmica com Carl. Infelizmente e com o estigma dos muçulmanos serem frequentemente associados ao terrorismo, o facto de Assad ser muçulmano acaba por constituir um mistério, ainda que secundário, sobre a sua legalidade no país.

É praticamente no final que o leitor consegue cruzar as peças que foram deixadas e perceber as motivações para o desaparecimento de Merete. Fiquei estupefacta com a intensidade do clímax e resolução das peças do puzzle. Cinco anos é muito tempo para se manter alguém no estado tão deploratório.

Como sabeis, sou grande fã da literatura nórdica e tenho conhecimento que a série do Departamento Q é composta por mais livros. Como tal, estou muito curiosa com os demais, esperando que a colecção O Fio da Navalha contemple novamente o autor Jussi Adler-Olsen.

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