terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ken Follett - O Homem de Sampetersburgo [Opinião]

Ken Follett é um nome já citado na menina dos policiais, e depois de ter lido A Ameaça e O Terceiro Gémeo, optei por continuar a ler obras deste autor, tendo escolhido O Homem de Sampetersburgo, de que vos falarei agora.

Num registo diferente dos dois livros que anteriormente mencionei, O Homem de Sampetersburgo diverge do thriller convencional, contemplando o género histórico, com um pouco de romance. Daí que muito dificilmente escolheria esta leitura sem ter lido previamente, os vários feedbacks respeitantes a esta obra de Follett. O facto é que o autor britânico, volta a demonstrar a sua mestria em contar uma história, de uma forma empolgante, abordando uma série de temáticas de forma harmoniosa e inserindo-o num contexto temporal da Primeira Guerra Mundial.

Como referi anteriormente, este livro vai além da componente thriller, retratada essencialmente pela personagem de Feliks, que parte da Russia para a Inglaterra de 1917 com o intuito de matar o príncipe Aleks Orlov. Feliks é na verdade um anarquista e terá que assassinar o representante do Czar que está em terras de sua majestade para um acordo entre os dois países.
E assim facilmente se deduz a parte referente ao romance histórico, em que o autor confronta o leitor com o modo de vida das classes altas, expondo uma vida de luxos, vestidos de sonho, bailados mas que, há uma tremenda ignorância por parte das jovens da corte no que concerne a temas como sexo.
A componente sociológica da época é um relato completíssimo que integram naturalmente, a actividade dos anarquistas, bem como as sufragistas e a sua luta, tornando-se quase como um aspecto mais do foro didáctico, o qual gostei muito de ler. O epílogo retrata bem o contexto histórico, inserindo alguns factos sobre a primeira guerra, entrelaçando com os finais das demais personagens.
No fim há, como não podia deixar de ser, uma belíssima história de amor, que nem dezassete anos conseguiram apagar. E mais não digo, apesar de ser praticamente previsível, as duas personagens que irão sofrer os encontros e desencontros da vida.

E são estas, uma vez mais, o ponto fulcral da história. Como já vem sendo um hábito, as novelas de Follett estão repletas de personagens riquíssimas, e O Homem de Sampetersburgo não é excepção. Para começar, personagens com um forte papel na História são abordadas, como Winston Churchill, o que confere uma sensação de "Isto bem que podia ter acontecido!"
Mas sem dúvida, que a personagem mais relevante é Feliks Kschessinsky, o Homem que vem de Sampetersburgo com um objectivo: matar Aleks Orlov. Este é um primo afastado da também russa, Lydia casada agora com Stephen Walden, um homem poderoso de Inglaterra. Através deste casal, o leitor conhece a vida conjugal dos anos 10, bastante diferente da actualidade, pois claro! A filha, Charlotte, é mantida na ignorância sobre alguns aspectos. Curiosa, irá deslindar por ela própria, factos não só sobre o assunto proibido, sexo, como também alguns aspectos sobre a sociedade nos baixos estratos sociais.
Assim Follett desenvolve um perfil psicológico das personagens com profundidade. Por um lado assistimos ao passado negro de Feliks, aparentemente desprovido de qualquer emoções ou sentimentos. Mas com o decorrer da história, o próprio sentimento do leitor relativamente a Feliks vai mudando, ao constatar a evolução da personagem. De desprezável, e ainda com o cruel objectivo que tenta levar a cabo, a pouco e pouco senti uma ínfima empatia e, muito naturalmente, esta cresceu, a ponto de torcer por esta personagem.

Como ponto negativo apresento um único, a revisão do texto, que às tantas deixa escapar um "Feliks tomou o ónibus". Datando de 2009, ainda não se encontrava na altura, a contextualização do acordo ortográfico, pelo que expressões mais comuns no Brasil e a falta de letras (ou um acrescento das mesmas) serão certamente fruto de uma revisão de texto pouco minuciosa.

O Homem de Sampetersburgo é de facto, um relato impressionante sobre um conspirador estrangeiro em terras de sua majestade que me cativou profundamente. Envolvi-me tanto na história que rapidamente equacionei o desfecho que para mim, seria perfeito! Claro está, o verdadeiro final do livro vai ao encontro de um thriller e não propriamente de um romance cor de rosa. Mesmo o leitor menos entusiasta de matérias como História Contemporânea irá apreciar este livro. Riquíssimo nas suas demais vertentes já aqui descritas, é certamente uma obra que o meu caro seguidor não irá perder! Um livro escrito há quase 30 anos cuja acção será sempre actual. Recomendo vivamente!

6 comentários:

  1. Também gostei deste livro do autor :)

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  2. Tenho este livro para ler já algum tempo mas há sp outro que passa à frente... mas fiquei com muita vontade de o ler dp desta critica

    Boas leituras :)

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  3. Obrigada pela muito completa apresentação e opinião sobre o livro. Virei aqui mais vezes : )
    Sara

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  4. Obrigada Sara! Eu é que agradeço :D
    Um beijinho para ti, boas leituras!

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  5. Alice Mano-Carbonnier7 de maio de 2013 às 22:28

    Sou uma leitora fiel de Follet, que habitualmente leio em ingles. Gostei da sua analise mas confesso que achei a traducao deste livro de pessima qualidade. Tenho pena! Quem nao conheca o autor pode ficar com uma ma impressao da sua escrita. Peco desculpa pela ortografia mas hoje o meu computador esta com um problema e nao me deixa utilizar cedilhas, acentos, til, etc. Boa noite.

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    Respostas
    1. Olá Alice, muito gosto em conhecê-la!

      É verdade, não poderia concordar mais. A revisão de texto tinha algumas gralhas... felizmente, nos outros que li do autor, tal não se sucedeu.
      Qual é, na sua opinião, o melhor livro do Follett? Tenho ainda uns para ler mas não sei por onde começar.

      Tenho mesmo que começar a ler em inglês. Não há risco de más traduções e os livros são mais baratos...

      Um beijinho e boas leituras!

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