segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Jill Alexander Essbaum - Uma Boa Mulher [Opinião]


Sinopse: O fascínio e a culpa de uma mulher dividida entre o amor e a luxúria. Complexo e íntimo, "Uma Boa Mulher" é a história de uma mulher que enfrenta o vazio no seu casamento e procura dar um novo sentido à sua vida. Este é um romance que explora a sensualidade e o desejo em toda a sua força libertadora e subversiva.Muito elogiado pela crítica internacional e pelos leitores, "Uma Boa Mulher" é um livro profundo e intenso sobre o casamento, a moralidade e o amor-próprio.

Opinião: Toda a gente falava maravilhas deste livro e saí da minha zona de conforto para enveredar por uma leitura diferente. Numa primeira análise achei que a trama se baseava exclusivamente numa mulher, Anna Benz, que mantém relações extraconjugais. Uma consideração que se revelou insuficiente: o tema é complexo e vai além dos deslizes de Anna no seu casamento.

Anna é casada com Bruno e tem três filhos. A família mudou-se para a Suiça e a mulher está a aprender alemão uma vez que ela é americana e ainda não fala a língua do país onde reside agora. Frequenta uma terapeuta a quem desabafa os seus pensamentos mais íntimos, conferindo uma ampla gama de sentimentos: solidão, necessidade de carinho, culpa, vergonha. 
Trata-se, portanto, de uma obra sensorial onde a ode aos sentimentos será até à última página. No entanto estes serão substituídos por outros, de natureza mais devastadora. À emoção de ter um amante (que, pessoalmente, creio não ser tão alta como o risco de ter uma vida dupla) segue-se algo de muito aterrador, curiosamente, um dos elementos que tanto aprecio nas minhas leituras. E tudo muda...

Não, a obra não é um thriller. É um romance contemporâneo que explora, sobretudo, as dimensões (irreflectidas ou não) do adultério. E nisto, devo dizer que é bastante frontal: as imagens sexuais desfilam por entre as páginas e há um crescendo correspondente à situação de Anna. Será ela descoberta?
Por mim falo, se por um lado condeno a traição, por outro não consigo deixar de pensar na comodidade e falta de comunicação que se instalou naquela relação e por consequente, na busca quase desenfreada por sexo. Há um segredo respeitante àquela família que me deixou apreensiva e, mais uma vez, levou-me a reflectir sobre a ausência do diálogo, algo que me parece tão simples e, ao mesmo tempo, tão difícil. Em suma, o estilo da obra é, assim, convidativo à ponderação sobre relações. 

Como referi, por intermédio das sessões de terapia, o leitor consegue conhecer muito bem a protagonista. Tem acesso não só às situações que protagoniza como os sentimentos que despertam. Confesso que a minha percepção é que a avidez por sexo com os amantes faz com que a família seja remetida para segundo plano. E isso vai trazer consequências penosas. Ao contrário de outras tramas que, provavelmente, iriam florear os acontecimentos finais, em Uma Boa Mulher, o desfecho é coerente e devastador, tal como foram as páginas anteriores. 

Termino a minha opinião dizendo novamente que este livro não é a minha praia. Prefiro sempre o género thriller e policial embora admita que tive prazer ao folhear esta obra. Não só pela diferença do estilo literário, como pela obrigação em reflectir sobre alguns temas abordados. 
Um livro interessante.


Sem comentários:

Enviar um comentário