quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Jo Nesbø- A Estrela do Diabo [Opinião]


Depois de alguns livros lidos oriundos da península escandinava, aderi àquela que se tornou moda actualmente, dos policiais nórdicos. Jo Nesbø, de nacionalidade norueguesa, é um excelente exemplo destes livros que andam em voga. Já tinha denotado o talento do autor nos demais livros, O Pássaro de Peito Vermelho e Vingança a Sangue Frio e ao ler A Estrela do Diabo, ainda mais convencida fico com o à vontade do autor nos enredos policiais.

Com a edição de A Estrela do Diabo, as capaz anteriores foram reformuladas, e na minha modesta opinião, todas elas estão bastante apelativas, e seduzem o leitor mais rapidamente.

Ora quem é fã inveterado de Jo Nesbø e tem acompanhado as suas investigações desde O Pássaro de Peito Vermelho, sabe que este apresenta um diferente registo em relação a Vingança a Sangue Frio, pelo que A Estrela do Diabo genericamente é bastante semelhante ao último livro, classificando-o assim como um puro thriller, de cortar a respiração, num ritmo absolutamente vertiginoso.

Neste que é o terceiro livro protagonizado por Harry Hole (tendo em conta a tradução portuguesa), um serial killer encontra-se à solta. Este serial killer mata mulheres, cortando um dos seus dedos e deixando um diamante vermelho em forma de pentagrama nos seus corpos. Harry Hole é destacado para investigar o caso em parceria com Tom Waaler, um colega de quem Harry tem fortes desconfianças.

O autor formula e desenvolve duas subtramas, bem fundamentadas, em que, por um lado Harry Hole é destacado para resolver os crimes que não são nada óbvios (neste plano há tpda uma ênfase na vida pessoal de Hole, nomeadamente o seu relacionamento com Rakel Fauke e Oleg). Por outro lado Hole cai no esquema de Waaler e arquitecta um plano engenhoso para desmascarar o seu colega corrupto.

Um livro carregado de simbolismo. O que significará o pentagrama? E Vena Amoris? E os esquemas dos crimes que têm como base o número cinco. Ainda um pormenor interessante, digno de ser destacado, é a existência de toda uma conjuntura face à raridade destes casos na Noruega. A sociedade norueguesa vê assim estes pontuais casos de serial killers como sendo uma consequência de uma praga americana. Não esqueçamos que, na altura em que o livro foi escrito, ainda não tinha ocorrido o massacre de Utoya, por parte de Anders Breivik.

Um protagonista de carácter mais frágil do que o comum na literatura, em que o alcoolismo é um problema, levando-o a dissociar-se das relações entre as demais personagens- Estamos a falar portanto de Harry Hole. Ainda assim, ele assume a sua força de vontade em desmascarar o seu colega Tom Waaler bem como deslindar os misteriosos casos dos crimes.

Tom Waaler, em oposição a Harry Hole, neste livro supera todos os requintes de malvadez já bem conhecidos pelo leitor através dos dois últimos livros. Waaler mostra finalmente, sem quaisquer rodeios, o homem sem escrúpulos que realmente é, deixando cair a sua máscara. De facto ele é um ser humano tão detestável que o leitor terá dificuldade em decidir se odeia mais Waaler ou o assassino dos pentagramas.

Um enredo engenhoso, rico em detalhes na disposição dos crimes bem como na descrição das personagens, incidindo sobre as suas histórias de vida, relações com outros personagens e estranhas mas chocantes preferências sexuais. Alguns procedimentos forenses, que ajudaram no despiste do verdadeiro criminoso, conferiram um toque interessante na narrativa. As últimas páginas, repletas de acção, fizeram com que a leitura do livro se tornasse algo compulsiva.

Sem dúvida uma saga promissora. Mal posso esperar pelo próximo livro em português de Jo Nesbo. Mais do que recomendar este livro, não posso deixar de aconselhar a leitura de Pássaro de Peito Vermelho e Vingança a Sangue Frio para acompanhar devidamente a história de Harry Hole, Tom Waaler, Beate Lønn, Rakel Fauke e tantas outras personagens que constantemente surpreendem o leitor nos seus dramas pessoais e histórias de vida, encaixando-se harmoniosamente no enredo policial. Recomendo este livro, sem qualquer reserva!


6 comentários:

  1. Bom, depois de ler esta opinião quase q tenho vontade de ir já pegar no meu e começar a lê-lo!...
    Não será p já, mas será uma leitura a ser feita ainda este ano, já q só faltam 2 meses p ele acabar e o meu tempo p a leitura tão limitado.

    Não li ainda nada do autor, porque ao contrário de ti, sou uma fã do policial bem mais fraquinha, conheço nomes, mas ler é q fica mais complexo, e cm ando sempre a saltitar de género p género pior ainda.
    Achas q vou perder parte da história por ñ ter lido os anteriores? É q há livros q msm sem se acompanhar a sequência ñ nos sentimos perdidos e há outros q se tornam pobres por, precisamente, não conhecermos o q está p trás.
    Diz-me de tua justiça, pois sinto q este autor é daqueles q vale a aposta, ao contrário de outros q já li e me desiludiram, e q talvez nem tenham direito a segunda ronda...

    Bjinhu ;)**

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  2. Haro Martinha, como está tu? Olha eu mal tive este livro nas mãos comecei-o logo a ler porque adoro o autor. Já tinha lido os outros anteriores e adorei! Eu aconselho começares pelo Pássaro de Peito Vermelho. Porque tanto na Vingança a Sangue Frio como neste, falam muito das personagens Sverre Olsen e Ellen Gjelten, e lendo o primeiro livro entendes porque estas personagens, embora já estejam mortas, são tão importantes. Dá uma chance porque o autor vale mesmo a pena! Vais mesmo gostar!

    Beijinho grande

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  3. Obrigada pela sugestão. ainda não li nada deste autor mais fiquei curiosa. Mas com tanta solicitação, começa a faltar tempo para tanto livro.

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  4. Sou um fã do Jo Nesbo. Pena que que só estes 3 livros estao traduzidos para português. Vou ter que os restantes em ingles.

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  5. Ora bem... na minha jornada nordica tirei a prova dos nove! Se não for dinamico tenho dificuldade em seguir e ir a uma segunda ronda.

    Jo Nesbo é brilhante em muitos sentidos ; enredo , pesquisa , montagem , estrutura , dinamica etc etc .

    Ah.. ressalvo que li antes Mons kallentoft - Sangue vermelho... e achei algo fraco em comparação com Jo Nesbo.
    Acho que nao vou a uma segunda ronda com o Mons.

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  6. Olá Diogo P. Tens razão, embora nórdicos são autores com estilos diferentes. Eu não sei porquê mas ambos fascinaram-me e sigo-os. Do Mons já li os que estão publicados em pt, do Nesbo ainda me falta o último.

    Beijinhos, boas leituras :))

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