segunda-feira, 20 de maio de 2013

R.J. Ellory - A Sombra do Medo [Opinião]


Sinopse: Em Augusta Falls, uma pequena comunidade rural no Sul dos Estados Unidos, a vida nunca mais será a mesma. Um assassino em série anda a semear o terror enquanto deixa atrás de si os corpos mutilados de raparigas pré-adolescentes. Joseph Vaughan, de apenas doze anos, não consegue evitar sentir-se profundamente impressionado com os acontecimentos. Por isso decide criar um grupo com o objectivo de descobrir o responsável pelos crimes. Mas o tempo vai passando, e um dia as mortes param subitamente. Só Joseph continuará a ser perseguido ao longo dos anos pela sombra do que se passou, até ser obrigado a confrontar-se com o pesadelo que lhe roubou a vida.

Opinião: Um desafio surpresa por parte de uma maratona literária organizada no Goodreads fez com que retirasse por fim, este livro da estante e dedicar-me à sua leitura. O requisito seria uma emoção expressa no título e pessoalmente acho que o Medo é muito forte.
Constatei que tinha comprado este livro há mais de dois anos numa promoção da Editorial Presença. Estava mais do que na altura de me estrear com o autor R.J. Ellory.

A história enquadra-se no cenário temporal da segunda guerra mundial, tendo início precisamente no ano de 1939, ano em que Joseph Vaughan tem onze anos e acabou de perder o seu pai.
Desta forma, a par dos acontecimentos das recentes mortes das meninas numa aldeola norte-americana, estamos perante de um contexto histórico bastante enriquecedor. Muitas são as alusões à guerra, em jeito de curiosidade, factos que em nada influenciam a trama. Um inferno que se vivia fora de Augusta Falls e ao mesmo tempo dentro da terreola, embora de forma diferente com os macabros assassinatos.

Deixo aqui uma ressalva: achei chocante a criminalidade descrita em A Sombra do Medo: o alvo são meninas ainda crianças, sem qualquer modus operandi, no entanto com alguma violência gráfica, roçando mesmo o gore, dado o estado que se encontram os cadáveres. Foi sem dúvida este o aspecto que mais apreciei nesta obra de Ellory.
Todavia, estas são breves passagens até porque, a história debruça-se essencialmente sobre uma personagem e a forma como ela cresceu no seio de Augusta Falls e a existência de um serial killer. Espelha um amadurecimento forçado, que acaba por ser uma emocionante história de vida.
Assim sendo, o livro distancia-se do típico policial a que estava habituada, pois inicialmente assemelha-se bastante a uma biografia. É também uma trama um pouco morosa na medida que a acção se desenrola mais lentamente do que seria expectável.
Não que tenha desgostado, foi efectivamente uma leitura diferente e que me manteve na expectativa até ao final, pois não desconfiava de nenhuma personagem em particular no papel do mórbido assassino.

O facto de Joseph Vaughan ser narrador participante ajuda a percepcionar a acção tal como se fizéssemos parte da mesma. Mas Joseph é um narrador subjectivo, pelo que o leitor tem acesso aos seus pensamentos e juízos de valor e desta forma, o acompanhamento da evolução da maturidade do protagonista é feita de forma gradual afectada não só pelos homicídios sucessivos das criancinhas como os infelizes dissabores familiares e sociais.
Joseph possui um nato talento para a escrita, e são muitas as esperançosas mensagens para quem como eu, gosta de escrever e até ambiciona ser escritor!

Um aspecto que sobressai na estrutura do livro é o modo como ocasionalmente surgem passagens de reflexão e a forma como estes acentuam o tom dramático de toda a história. Acaba por ser este, o género que mais influencia toda a narrativa, muito mais que o suspense que se cria em torno do serial killer. Achei muito triste o fado do protagonista e no final penso que ele não merecia ter passado pelas provações (muitas delas injustas, a meu ver). 
A trama arrasta-se até aos finais dos anos 60, altura em que Joseph finalmente encerra o mistério referente às meninas mortas e que, dadas as circunstâncias, não constituiu grandes surpresas.
 
Em suma, devo confessar que A Sombra do Medo ficou um pouco aquém dos inúmeros livros da colecção Minutos Contados que li anteriormente. Na minha opinião pessoal, teria sido consideravelmente melhor caso Ellory tivesse focado mais sobre o caso das meninas mortas.
No entanto, foi uma interessante leitura que foi concluída apenas num fim de semana de ócio.







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