sábado, 6 de junho de 2015

Edgar Allan Poe - Os Crimes da Rua Morgue [Opinião]


Sinopse: Os Crimes da Rua Morgue" é considerado por muitos a primeira obra policial de sempre. Mãe e filha são encontradas mortas num edifício situado na Rua Morgue, uma artéria parisiense. As vítimas foram brutalmente assassinadas e a sala onde foram descobertos os corpos encontrava-se trancada por dentro. Para adensar o mistério, os vizinhos alegam ter ouvido o assassino falar numa língua que ninguém consegue identificar. Quando um homem é acusado do crime, C. Auguste Dupin, um indivíduo solitário e de aguçada inteligência, oferece-se para ajudar a polícia a resolver este caso e impedir que um homem inocente seja preso por um crime que Dupin acredita não ter cometido. Um pelo encontrado junto dos corpos leva-o a crer que o assassino poderá não ser humano…

Opinião: Antes de mais, tenho mesmo que ressalvar o fantástico trabalho da Civilização Editora na publicação dos clássicos. Como sabem, eu não sou grande fã destes ditos clássicos, no entanto, estes livros de capa vermelha vão ao encontro dos meus gostos, sendo do género de terror e suspense.
No entanto aponto como crítica o facto de a sinopse da obra ser referente apenas ao primeiro conto, menosprezando os outros da colectânea que inclui os seguintes: O Mistério de Marie Rogêt, O Escaravelho de Ouro, A Milésima Segunda História de Xerazade, A Lenda das Montanhas Rugosas, O Poço e o Pêndulo, A Máscara da Peste Escarlate e O Casco de Amontillado.

O meu estado de espírito ao iniciar este livro foi um misto de reticente e expectante. Nunca lera Edgar Allan Poe e esperava que esta obra fosse uma leitura desafiante. E assim foi.
As minhas histórias preferidas foram Os Crimes da Rua Morgue e O Mistério de Marie Rôget por abordar tão entusiasticamente a temática do crime, contudo, não fiquei indiferente a O Poço e o Pêndulo pelas descrições exímias do narrador.

Fiquei agradavelmente surpreendida com o primeiro conto que dá o nome à obra, Crimes da Rua Morgue. Após uma reflexão sobre o poder da dedução em detrimento da criatividade (penso que para convencer o leitor da capacidade analítica de Dupin), a trama avança num ritmo bastante rápido, ora não fosse esta um conto de apenas cinquenta páginas. O conto é narrado na primeira pessoa, um homem que vive com Dupin (será um aspirante ao autor?).
Embora não concorde com a resolução do final, parecendo-me algo inverosímil, fiquei surpreendida com o grafismo relacionado com os cadáveres. Pareceu-me bastante avançado se tivermos em conta que estamos perante um livro de 1841.

O segundo conto intitulado O Mistério de Marie Roget, também protagonizado por Dupin, foi inspirado num caso verídico.Esta trama, na linha da história anterior, desenrola-se num ambiente tenso, com a agravante de ser inspirado num caso que aconteceu de facto. Embora a narrativa seja cativante, senti-me decepcionada com o desfecho. Não me posso alongar em explicações sobre a razão de me ter sentido assim, facilmente traria spoilers, mas deixo ao vosso critério para que leiam este pequeno e interessante conto.

C. Auguste Dupin, o protagonista das duas primeiras short stories, assemelha-se a Sherlock Holmes e Poirot pois a sua capacidade dedutiva é a chave para resolução dos casos, fazendo-me parecer que esta personagem terá sido precursora dos detectives supra referidos.

O Poço e o Pêndulo é fantástico. Retrata com mestria a época da Inquisição Espanhola e acompanhamos o encarceramento do narrador num ambiente deveras claustrofóbico enquanto aguarda a sua execução. Ponto forte para as descrições do terror experienciado pelo narrador! Fiquei genuinamente impressionada!

Em suma, Os Crimes da Rua Morgue parece-me uma excelente antologia de contos para quem, como eu, sente curiosidade sobre o autor. Os contos debruçam-se sobre vários temas que não o crime, incluindo-se nas categorias de aventura (como é o caso de O Escaravelho de Ouro) e terror.

Dado que são histórias curtas, este é um livro de rápida leitura, no entanto, propícia à reflexão, tendo-me parecido bastante audaz para a época em que os contos foram escritos. No entanto, lamento que a obra não tenha incluído o terceiro e último conto protagonizado por Dupin, A Carta Roubada. Pessoalmente, teria gostado de o ter lido.

Uma leitura diferente, sem dúvida. O meu respeito pelo autor cresceu desmesuradamente.

2 comentários:

  1. Li uma coletânea de contos de Poe ano passado contendo a maioria destes contos e outros mais. Gostei tanto que está entre os melhores livros de contos que li até agora em minha opinião, pois Poe incute um clima sombrio único a suas histórias.

    bomlivro1811.blogspot.com.br

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  2. Gosto tanto, mas tanto do Edgar Allan Poe! Gostei muito desse livro!

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