Sinopse: AQUI
Opinião: Quatro anos após o lançamento de Antes de Adormecer, S.J. Watson volta às lides literárias com Segunda Vida. Sobre a sinopse pouco sabemos, uma vez que esta consiste num conjunto de frases que apresentam uma dicotomia entre si. Não deixa, no entanto, de ser um ponto de partida extremamente enigmático pois lancei-me nesta leitura sem saber muito bem com o que me iria deparar, pelo que o efeito surpresa foi ainda maior.
Baseado num tema extremamente actual, o perigo dos encontros cibernéticos, Segunda Vida apresenta-nos uma mulher casada, Julia Plummer, que vai experienciar uma vida dupla. Partindo dessa premissa, a obra convida-nos à reflexão sobre os sites de encontros, muito em voga actualmente.
O primeiro contacto de Julia com um site de encontros é motivado por um acontecimento grave (o qual irei, obviamente, omitir) que ocorre logo no início da trama. Sempre tive em mente esta ocorrência e a forma como a mesma se podia interligar com o desenvolvimento da acção, mas confesso que fui apanhada desprevenida na recta final da história.
Eis uma trama bastante célere, desprovida de elementos supérfluos e
pautada por uma tensão psicológica acentuada. Em certos momentos esta obra
recordou-me o argumento do filme Atracção Fatal, uma vez que explora os comportamentos obsessivos.
Igualmente intrigantes são as revelações alusivas ao seio familiar de Julia, acabando por constituir uma
surpresa tão intensa quanto a acção propriamente dita.
Julia é uma personagem complexa e que convida a uma reflexão sobre a rotina e a monotonia que se vão instalando num casamento ao longo dos anos, muito embora essa situação possa passar despercebida. A protagonista apenas percebe que o seu casamento se tornou monótono a partir do momento em que se deixa enredar na complexa teia de frequentadores de uma rede de encontros.
Um aspecto exímio que S.J. Watson retrata nas tramas é a indecisão na definição de identidade dos seus personagens, tornando a trama bastante psicológica. Relembro que Christine, a protagonista de Antes de Adormecer, tinha uma disfunção a nível da identidade, esquecendo-se de quem era no início de cada dia. Julia acaba, a certo ponto, por viver duas vidas paralelas em que a existência cibernética se funde com o quotidiano.
Segunda Vida não fica nada atrás do romance de estreia de S. J. Watson. Um excelente thriller psicológico bastante actual. Gostei imenso!
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