terça-feira, 18 de junho de 2019

Melanie Golding - A Mãe [Opinião]


Sinopse: AQUI

Opinião: Se acham que a maternidade é um mar de rosas, garanto-vos que vão mudar de ideias após a leitura deste livro.

O que destaca esta obra dos demais thrillers psicológicos, género actualmente em voga, é, indubitavelmente, a temática. Que tenha conhecimento, exceptuando uma obra recentemente publicada por cá, creio que este subgénero se debruça mais sobre relacionamentos amorosos, na sua grande maioria, disfuncionais ou relações de amizade. Contudo, este título prende-se com a condição de maternidade associado a uma bênção ou estado de graça, sentimentos antagónicos aos que são transmitidos pelo género de thriller.

Lauren Tranter acabou de dar à luz dois gémeos, Morgan e Riley. Após o parto, na sua primeira noite no hospital, ela começa a acreditar que alguém que lhe quer trocar os bebés.
Estamos, portanto, perante uma narradora não confiável, um elemento importante no subgénero de thriller psicológico, uma vez que fomenta alguma dúvida sobre a veracidade dos acontecimentos, ainda que a história seja narrada na primeira pessoa. Podemos, de facto, atribuir a percepção de Lauren como sendo algo resultante do cansaço, da tensão ou mesmo de uma eventual situação de depressão pós-parto ou, em alternativa, podemos dar por nós a acreditar, juntamente com a personagem, que alguém lhe quer trocar o Riley ou o Morgan.

As primeiras linhas sugeriram-me uma trama linear, assente numa tentativa de rapto dos bebés, contudo, acabei por ser surpreendida pois a história vai muito além. Devo dizer que ainda bem que a minha impressão inicial se revelou infundada.

Os capítulos são introduzidos por excertos de contos sinistros, algo que, a meu ver, nos instiga à leitura dos clássicos contos de terror, como as obras dos irmãos Grimm. Pelo que pude apurar, algumas das suas histórias apresentam um cariz mais tenebroso do que as narrativas infantis mais conhecidas.
O folclore assume assim uma especial relevância, enriquecendo a narrativa com uns toques de sobrenatural e fazendo com que o género deste título oscile entre o thriller psicológico e o terror, o que pessoalmente me agradou. Por norma não aprecio tramas exclusivamente sobrenaturais pois, para mim, as mesmas revestem-se de contornos inverosímeis, todavia A Mãe consegue interligar todos esses elementos numa história que poderia ser real.

Por ser uma trama fortemente relacionada com crianças, neste particular caso, bebés, a mesma acabou por me trazer uma sensação de desconforto acrescida. Durante a leitura senti-me ansiosa, temi pelos gémeos mas, simultaneamente, receei pelas atitudes da mãe que ora mostrava lucidez, ora tinha actos que me pareceram insanos. 

É uma obra que, por estas características, creio que vá mexer com a grande maioria das mulheres, em particular com aquelas que sejam mães ou mesmo aquelas que não o sendo desejam sê-lo.

Em suma, estamos perante um thriller que vai muito além da função de entretenimento. Dentro do género é um título que se consubstancia como verdadeiramente tenebroso e propenso à reflexão sobre as questões relacionadas com a maternidade. 


2 comentários:

  1. Menina, você escreve muito bem. Dá-nos a vontade ler a obra comentada, de imediato! Bj

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    1. Ohhh que bom! Obrigada, malice! Grande beijinho e boas leituras!

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