segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mary Higgins Clark - Os Anos Perdidos [Opinião]


Os Anos Perdidos é a mais recente obra de Mary Higgins Clark, autora que consta já na lista das minhas preferências. Apesar da senhora ter nascido nos finais da década de 20, MHC ainda se encontra no activo no que consta na escrita de novelas policiais, tendo escrito este no corrente ano. Assim, felicito a Bertrand pela célere publicação de Os Anos Perdidos.

Quando Mariah Lyons chega a casa, encontra o seu pai, o professor e arqueólogo Jonathan Lyons morto, e a sua mãe, Kathleen, que sofre de Alzheimer, num armário, segurando uma arma, completamente coberta de sangue. Cabe à filha ilibar a sua mãe de quaisquer acusações e desvendar o verdadeiro mistério por detrás da morte do seu pai.

Apesar de me ter debruçado ultimamente nas primeiras obras da autora, e inclusive ter feito um apanhado das eventuais semelhanças que os livros têm em comum, acresço desde já este livro. Como é habitual, o assassino é dotado de uma obsessão, que nesta obra circunda contornos menos comuns, na medida em que o pano de fundo é a arqueologia e a descoberta de eventuais manuscritos com alguma importância. Ora, então o vilão está obcecado com um manuscrito que terá custado a vida a Lyons.

Sem se alargar com explicações demasiado concretas, a autora tornou este fictício manuscrito (pelo menos assim o entendo) como um documento fascinante, ainda que deva confessar que não conheço a Bíblia em detalhe. Sendo então um pergaminho escrito por Jesus Cristo, vai atrair as atenções de inúmeras personagens dado o seu valor.
E como o próprio trabalho arqueológico sugere, qualquer achado antigo pode suscitar avareza, e no limite dos limites, poderá desencadear um crime. É basicamente este o mote da história, se bem que conta com a agravante da suspeita da esposa de Lyons.

O role de personagens é extenso e pode ser à primeira vista, confundir o leitor, uma vez que são vários os intervenientes e a natureza da relação com que estabeleceram com o defunto. Ainda por cima, a autora não se coíbe de baptizar as personagens com os mais estranhos nomes que alguma vez li, tornando mais difícil a tarefa de associar cada nome ao papel que a personagem assume na trama.
Penso que neste livro, a autora moderou a descrição das personagens, inclusive a protagonista. Pouco sabemos sobre a mesma, a não ser o mínimo. As restantes personagens, em geral, estão munidas de uma parca personalidade. Ao invés, a autora investe na trama e na relação das personagens com Lyons, fazendo com que, uma vez mais, todos possam ser rotulados de suspeitos, contemplando não só os potenciais interessados no manuscrito, como a esposa.

O que esta autora tem de tão fenomenal é a capacidade de prender o leitor num livro que não é necessariamente surpreendente, no entanto, li este livro em menos de 24 horas. A forma como a autora intercala aspectos diferentes como os testemunhos de um paciente de Alzheimer, dando um toque dramático com o mistério criado pela suspeita contínua dos curiosos pelo manuscrito. O culpado, evidentemente, só será desvendado apenas nas páginas finais do livro.
Com isto pretendo salientar que o livro é completíssimo: tem um toque muito humano, aliando-se ao suspense, abordando uma passagem em tribunal, recordando-me do livro da autora, Do Fundo do Coração.

Em suma, Os Anos Perdidos é um livro que recomendo. Embora um pouco aquém dos livros mais antigos, Os Anos Perdidos é um policial ligeiro e embora seja relativamente previsível, é ávido e lê-se muito bem. Gostei!


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