Sinopse: AQUI
Opinião: O sucessor de Anjos na Neve esteve à altura do que esperava. Desde Janeiro do ano passado que impacientemente aguardava pela continuação de um dos melhores policiais que alguma vez li.
Estou neste momento a equacionar a nota a atribuir no Goodreads. Esta foi uma leitura recém concluída e ainda agora penso nas questões que foram tão bem trabalhadas ao longo do livro. Falo não só dos casos de rumos diferentes, a história do casal protagonista e a acentuada diferença cultural que existe na Europa, nomeadamente entre nós mediterrânicos e nórdicos.
Embora completamente independente do primeiro livro, a nível de acção, recomendo a leitura prévia de Anjos na Neve, visto que a sua trama serve frequentemente como muleta, afim de explicar certos acontecimentos que influenciaram de forma directa, o inspector Kari Vaara. Já em Anjos da Neve, tinha percepcionado uma infância dura, em As Lágrimas de Lúcifer, breves mas objectivos e dolorosos testemunhos sobre esta fase, não deixam qualquer dúvida sobre o quão complicada foi a infância de Kari. Por outro lado, são notórios os efeitos colaterais da investigação do caso de Sufia Elmi, desenvolvida no primeiro livro. A gravidez da sua mulher, Kate, é o factor que influencia a inquietação constante por parte de Kari, que receia a todo o custo, uma situação de aborto espontâneo.
O autor atribui uma importância à vida pessoal das personagens, equiparável aos casos criminais que apresenta, aspecto tão evidente na interacção Kate e Kari, o casal com algumas discrepâncias culturais (não esqueçamos que ela é americana e ele finlandês).
Em relação aos casos criminais contemplados no presente livro, como afirmei, são dois e de naturezas completamente diferentes. Se por um lado Kari investiga o brutal homicídio da esposa de um homem de nacionalidade russa, enveredando assim pelo sórdido mundo dos fetiches e um mundo sexual diferente daquele que a generalidade conhece, por outro Kari tem em mãos um caso mais sóbrio, envolvendo um nonagenário ligado à Segunda Guerra Mundial.
E porquê estas distinções? Vou falar primeiro do caso de Arvid. Um homem com noventa anos, casado com uma septuagenária de seu nome Ritva, doente oncológica. O autor elabora alguns factos históricos do país. Desconhecia-os por completo, sou mais entusiasta da história portuguesa do que propriamente a escandinava, pelo que se tornou, em vários momentos, uma leitura bastante didáctica. Não desconfio da veracidade dos factos relatados, pois no final Thompson endereça alguns agradecimentos a historiadores.
No que diz respeito ao primeiro caso, o do homicídio de Iisa Filippov, o autor optou por explorar o mundo do sexo. Apesar de chocante, agradou-me muito ver esta exploração do mundo fetichista por parte do autor. Sim, à semelhança de Anjos na Neve, James Thompson envereda pelo teor gráfico das descrições, quer seja referentes à violência ou sexuais. No entanto, penso que esta tendência era sobretudo mais perceptível no romance de estreia. Também por ter lido Anjos na Neve, sabia que, se o autor mantivesse o seu estilo, que estas seriam uma constante na presente obra.
O que mais me impressionou na trama, além dos casos e do envolvimento com as personagens, foi sem dúvida a relevância da cultura nórdica. Bem, até particularizo a finlandesa pois percebi que a Finlândia está mais em sintonia com a Estónia e os restantes países escandinavos estão agrupados por afinidades linguísticas. Toda uma cultura que me fascina, talvez à excepção do tempo frio, (e partindo do pressuposto que as informações são verdadeiras) sobretudo as medidas governamentais de apoio à população e que nada têm a ver com a política portuguesa.
Simplesmente adorei este livro. Tem todos os ingredientes dos meus policiais preferidos: uma pormenorização chocante, um desfecho imprevisível e umas personagens envolventes. As caracterizações do país lembram-me constantemente da admiração que sinto pela Escandinávia. Sei que me tornei seguidora desta saga. E com isto vou aguardar impacientemente que a Porto Editora publique o seguinte livro, o mais breve possível. Depois da reflexão que se traduziu nesta opinião, já me decidi: vou já cotar o livro com a mesma classificação merecedora de Anjos na Neve, 5 estrelas.
Para mais informações sobre o livro As Lágrimas de Lúcifer, clique aqui.
Vera, foi através do blog que conheci o autor James Thompson e te agradeço imensamente por isso. "Importei" Anjos na Neve e somente saiu aqui no Brasil esse ano - tempos depois que eu já havia lido a edição portuguesa - aliás, gosto de ler livros diretamente de Portugal, uma outra palavra diferente do que se escreve aqui no Brasil, mas no contexto geral, para mim não faz diferença. Língua Portuguesa, que leio e tenho o maior orgulho de falar. E também minha admiração por Portugal. Sua resenha, como sempre, ficou ótima. Um forte abraço, daqui do outro lado do Atlântico.
ResponderEliminarOlá Vera. Sabes o que aconteceu com a continuação dos livros? Se a Porto Editora vai continuar a publicar?
ResponderEliminarOlá Nuno! Como estás? James Thompson é mesmo fixe, né? Não sei se eles vão continuar a publicar o autor, vou mandar-lhes uma mensagem no Fb a ver o que me dizem. Sei que há mais 2 ou 3 livros mas infelizmente o autor faleceu :(
EliminarBeijinho, boas leituras! Se tiver boas notícias partilho ctg
Olá! É! Por acaso gosto. Pois, eu sei que ele faleceu. Mas seria uma pena não acabarem de publicar os livros. Boa, fico à espera!
ResponderEliminar