Sinopse: 6 de julho de 2012. Henrique Monroe, inspetor-chefe da Polícia Judiciária, é chamado a um luxuoso palacete de Lisboa para investigar o homicídio de Pedro Coutinho, um abastado construtor civil. Depois de interrogar a filha da vítima, Monroe começa a acreditar que Coutinho foi assassinado ao tentar defender a perturbada adolescente do violento assédio sexual de algum amigo da família. Ao mesmo tempo, uma pen que o inspetor descobre escondida na biblioteca da casa contém alguns ficheiros com indícios de que a vítima poderá também ter sido silenciada por um dos políticos implicados na rede de corrupção que o industrial montara para conseguir os seus contratos.
Tendo como pano de fundo o Portugal contemporâneo, um país traído por uma elite política corrupta, que sofre sob o peso dos seus próprios erros históricos, Richard Zimler criou um intrigante policial psicológico, com uma figura central que se debate com os seus demónios pessoais ao mesmo tempo que tenta deslindar um caso que irá abalar para sempre os muros da sua própria identidade.
Tendo como pano de fundo o Portugal contemporâneo, um país traído por uma elite política corrupta, que sofre sob o peso dos seus próprios erros históricos, Richard Zimler criou um intrigante policial psicológico, com uma figura central que se debate com os seus demónios pessoais ao mesmo tempo que tenta deslindar um caso que irá abalar para sempre os muros da sua própria identidade.
Opinião: Este livro é simplesmente magnífico! Tanto que, após a sua leitura, não consegui ler nada durante uns dias (será a chamada ressaca literária?)
Estive na apresentação do livro na livraria Barata da Avenida de Roma no passado dia 29 de Janeiro e constatei que Richard Zimler é de uma simplicidade e simpatia indescritíveis. Tal como o imenso talento, que denotara já em À Procura de Sana e que confirmo ao ler A Sentinela.
O presente livro é um policial extremamente invulgar devido sobretudo ao protagonista, o inspector chefe Henrique Monroe. Reticente em revelar algum spoiler, posso apenas adiantar que este teve uma infância conturbada, o que desencadeou em adulto, uma faceta tão intuitiva como perturbadora. A componente psicológica é assim, de uma importância fulcral na trama.
Atrevo-me a dizer que este é um dos raros livros que a investigação criminal é tão interessante quanto o desenvolvimento da complexa personagem Henrique Monroe. Este terá vindo para Portugal com catorze anos com o seu irmão Ernie, para escapar a uma vida que, embora ainda curta, fora repleta de maus tratos.
A par de uma história pessoal tão complicada que definitivamente condicionou Monroe como adulto, este vê-se a braços com uma delicada investigação: um empresário com contactos na política é encontrado morto.
Uma interessante curiosidade foi a forma como Zimler não se coibiu nos pormenores de cariz mais real, enunciando o nome de quatro ministros que ficcionalmente constam da agenda de contactos de Coutinho. Um outro factor verossímil desta trama é o pano de fundo contemporâneo: a crise que assola Portugal actualmente e a dificuldade que as pessoas têm perante os sucessivos cortes de ordenado. Mais do que isso, a trama expõe a corrupção e os abusos de poder nas altas esferas políticas.
A morte de Pedro Coutinho traz aliada uma série de constatações que vão além do tráfico de influências e que se prendem com a sua vida pessoal e familiar, implicando a sua filha menor Sandra. Ao longo da trama é crescente a tensão e o choque é palpável à medida que nos entranhamos no tema dos abusos sexuais de menores, temática que me é desconfortável, por mais policiais que leia.
Como já referi, há uma componente pessoal muito intensa no presente romance. Se por um lado mostra um lado negro com violência que marcou a infância de Monroe, por outro há uma vida familiar plena e deveras esmiuçada. Henrique é casado com Ana e tem dois filhos. A intimidade do casal é demasiado reveladora, expondo até alguns momentos da sua sexualidade. Não deixa de ser curiosa a relação de Henrique com Ana, que, apesar de manter ocultos segredos relativos à juventude, é repleta de uma confiança inabalável.
Henrique Monroe é um pai devoto e é extremamente agradável a sua interacção com os filhos.
Fico agradada quando leio um policial que ocorra na linda cidade de Lisboa. Sem ter que sair de casa, viajei pelas ruas de Lisboa, junto de Henrique Monroe. E neste aspecto, o livro está extremamente sensorial, quase como uma fotografia dinâmica na região alfacinha.
Finda a leitura, gerou-se um momento de reflexão que me impediu começar nova leitura. O livro mexeu comigo, sobretudo pela forma como tratou temas tão delicados como pelo desfecho, ilustrativo dos malditos vícios da sociedade que tardam em morrer.
Sem margem para dúvidas, estamos perante um excelente livro policial, o qual classifiquei com a classificação máxima de 5 estrelas no Goodreads. Apesar de estarmos apenas em Fevereiro, atrevo-me a dizer que A Sentinela é dos melhores livros que li este ano, senão um dos melhores que alguma vez li.
Este sim, imperdível!
Estive na apresentação do livro na livraria Barata da Avenida de Roma no passado dia 29 de Janeiro e constatei que Richard Zimler é de uma simplicidade e simpatia indescritíveis. Tal como o imenso talento, que denotara já em À Procura de Sana e que confirmo ao ler A Sentinela.
O presente livro é um policial extremamente invulgar devido sobretudo ao protagonista, o inspector chefe Henrique Monroe. Reticente em revelar algum spoiler, posso apenas adiantar que este teve uma infância conturbada, o que desencadeou em adulto, uma faceta tão intuitiva como perturbadora. A componente psicológica é assim, de uma importância fulcral na trama.
Atrevo-me a dizer que este é um dos raros livros que a investigação criminal é tão interessante quanto o desenvolvimento da complexa personagem Henrique Monroe. Este terá vindo para Portugal com catorze anos com o seu irmão Ernie, para escapar a uma vida que, embora ainda curta, fora repleta de maus tratos.
A par de uma história pessoal tão complicada que definitivamente condicionou Monroe como adulto, este vê-se a braços com uma delicada investigação: um empresário com contactos na política é encontrado morto.
Uma interessante curiosidade foi a forma como Zimler não se coibiu nos pormenores de cariz mais real, enunciando o nome de quatro ministros que ficcionalmente constam da agenda de contactos de Coutinho. Um outro factor verossímil desta trama é o pano de fundo contemporâneo: a crise que assola Portugal actualmente e a dificuldade que as pessoas têm perante os sucessivos cortes de ordenado. Mais do que isso, a trama expõe a corrupção e os abusos de poder nas altas esferas políticas.
A morte de Pedro Coutinho traz aliada uma série de constatações que vão além do tráfico de influências e que se prendem com a sua vida pessoal e familiar, implicando a sua filha menor Sandra. Ao longo da trama é crescente a tensão e o choque é palpável à medida que nos entranhamos no tema dos abusos sexuais de menores, temática que me é desconfortável, por mais policiais que leia.
Como já referi, há uma componente pessoal muito intensa no presente romance. Se por um lado mostra um lado negro com violência que marcou a infância de Monroe, por outro há uma vida familiar plena e deveras esmiuçada. Henrique é casado com Ana e tem dois filhos. A intimidade do casal é demasiado reveladora, expondo até alguns momentos da sua sexualidade. Não deixa de ser curiosa a relação de Henrique com Ana, que, apesar de manter ocultos segredos relativos à juventude, é repleta de uma confiança inabalável.
Henrique Monroe é um pai devoto e é extremamente agradável a sua interacção com os filhos.
Fico agradada quando leio um policial que ocorra na linda cidade de Lisboa. Sem ter que sair de casa, viajei pelas ruas de Lisboa, junto de Henrique Monroe. E neste aspecto, o livro está extremamente sensorial, quase como uma fotografia dinâmica na região alfacinha.
Finda a leitura, gerou-se um momento de reflexão que me impediu começar nova leitura. O livro mexeu comigo, sobretudo pela forma como tratou temas tão delicados como pelo desfecho, ilustrativo dos malditos vícios da sociedade que tardam em morrer.
Sem margem para dúvidas, estamos perante um excelente livro policial, o qual classifiquei com a classificação máxima de 5 estrelas no Goodreads. Apesar de estarmos apenas em Fevereiro, atrevo-me a dizer que A Sentinela é dos melhores livros que li este ano, senão um dos melhores que alguma vez li.
Este sim, imperdível!
Oh! deixaste-me em ponto de rebuçado!
ResponderEliminarComo já te tinha dito de Zimler apenas tentei ler "O Cabalista de Lisboa" e nunca o terminei. Talvez, não o tenha feito na altura certa.
Gostei muito desta tua opinião.... Quase tentado.
Nuno, quase que ponho as mãos no fogo em como este tu vais adorar! ;) Sei que o Cabalista de Lisboa é um registo muito diferente, sendo histórico. Este é muito actual e além de ser muito real com o registo da crise económica em que vivemos actualmente, há uma história chocante de abusos. Já para não falar do inspector Monroe que é invulgar. Lê, a sério! ;)
EliminarEu gostei MUITO mais do último cabalista de Lisboa, mas este também vale a pena :) beijinhos - Roberta
EliminarOlá viva,
ResponderEliminarNunca li nada do escritor, mas parece que estou a passar ao lado de algo muito bom, excelente coemntário sem duvida, ora aqui está um genero literário que reserva sempre boas surpresas
Anotado ;)
Bjs e boas leituras
Estás mesmo Fiacha.. Richard Zimler vale MESMO a pena!
Eliminar(Roberta)
Gosto muito do Richard Zimler. Conheci-o pessoalmente na Feira do Livro deste ano e achei-o muito simpático e acessível. Há já muito tempo que li “O Último Cabalista de Lisboa” e adorei. Desde essa altura não voltei a ler mais nada do autor.
ResponderEliminarEste verão decidi comprar “A Sentinela” e foi a grande deceção. Como grande fã de livros policiais, não gostei nada do que li. A história parece-me pouco conseguida, as personagens são estranhas e pouco credíveis (os irmãos americanos têm comportamentos que não são, em minha opinião, credíveis), os filhos do inspetor não acrescentam nada à história, a própria investigação é fraca para um policial e está sempre a dar explicações a mais, não deixando criar o suspense que a história deve ter. Zimler vive no Porto, parece-me, e isso explica que ele coloque uma personagem na zona da Calçada do Combro, em Lisboa, a percorrer 100 metros e a apanhar o Metro na Avenida da Liberdade…… Enfim, volta Zimler, estás perdoado! Continua a escrever romances históricos e eu vou, com certeza, gostar de te ler novamente! É esta a minha opinião e vale o que vale!
Oh Maria que pena. Eu gostei do livro e por causa disso, até fui comprar O Último Cabalista de Lisboa e A Sétima Porta que quero ler em breve. Temos que pensar numa data para a nossa tertúlia policial ;)
EliminarUm grande beijinho e boas leituras!
Concordo com a UmaMaria de que A Sentinela está bastante "abaixo" dos outros livros maravilhosos dele. UmaMaria aconselho VIVAMENTE Os Anagramas de Varsóvia :) Beijinhos
EliminarRoberta