Sinopse: Da autora de «Morte no La Fenice», chega-nos agora mais um romance de ficção policial de grande sucesso mundial: «Vestido Para a Morte». Um cadáver masculino encontrado num acetinado vestido vermelho, roupa interior rendada a preceito e sapatos de salto alto vermelhos consegue chocar drásticamente Guido Brunetti da polícia de Veneza. Mas o estado alterado do comissário de polícia não tinha sido provocado pela vestimenta do corpo: a razão era a semelhança entre ambos, que de facto era abismal. Após a autópsia descobre-se que a vítima encontrada em trajes femininos era banqueiro de um pequeno mas altamente bem frequentado banco.
O superior do comissário estava prestes a fechar o caso como tendo sido o homicídio de um travesti/prostituto, mas Brunetti desconfiava de algo mais. Resistindo a pressões políticas, Brunetti lança-se numa investigação muita própria ao negócio bancário que o falecido mantinha com o poderoso director de uma instituição de caridade religiosa. Em «Vestido Para a Morte», Guido Brunetti irá enfrentar o seu mais poderoso inimigo de sempre, um que mantém relações ao mais alto nível: finanças, governo e até mesmo em relação à Igreja. Enquanto a tensão vai aumentando, a autora presenteia o leitor com cristalinas imagens de Veneza - no seu melhor e pior - através do olhar singularmente perspicaz de Brunetti, um devoto homem de família, cidadão preocupado e exemplar, perfeitamente irresistível investigador de polícia.
Opinião: Para tentar escoar alguns livros, tenho participado em iniciativas de maratonas literárias, e no dia 1 de Março de 2014, teve início uma alusiva ao Carnaval. O objectivo seria ler um livro que tenha como cenário uma cidade onde tradicionalmente se festeja o Carnaval. E haverá algo mais apropriado do que Veneza?
Já há muito que a série protagonizada por Guido Brunetti reside na minha estante. A minha intenção seria ler por ordem cronológica, desejo falhado pois já li um ou outro mais actual (agora a autora é publicada pela Planeta). Vestido Para A Morte é o terceiro livro protagonizado por Guido Brunetti e, lamentavelmente, já se encontra esgotado do catálogo da Editorial Presença. E é lamentável pois baseada na minha ainda breve experiência com a autora, posso afirmar que esta é uma série interessante.
O livro em questão foi escrito em 1994. Vinte anos depois li esta obra e nunca em nenhuma altura aquando a sua leitura, tive noção do salto temporal. O livro aborda temáticas recorrentes nos dias de hoje, como o negócio do sexo ilícito, homossexualidade e corrupção policial.
Comparativamente ao primeiro da série, por exemplo (recordam-se de Morte no Teatro La Fenice), diria que este livro é mais obscuro pois é uma viagem a um submundo que até então Guido Brunetti desconhecia. Ainda assim, apresenta um bom mistério policial que se lê muitíssimo bem. Um pouco graças ao envolvimento pessoal das personagens.
A par da investigação policial, a série de Guido Brunetti está cheia de paisagens e a atmosfera é quase palpável da moderna cidade italiana. São várias as menções gastronómicas bem como as sensações de afectividade do povo, transversal aos mediterrânicos.
Como já referi anteriormente, a propósito de um outro livro da série, um dos aspectos mais engraçados, para mim, é a relação de Brunetti com a família. A sua vida familiar acaba por ter um interesse igualável ao da investigação. E o leitor acaba por construir uma relação de familiaridade com as personagens.
Sobre este aspecto, a minha percepção é que neste livro, a autora cinge-se ao fundamental e Vestido Para a Morte é talvez um dos livros que li até hoje, em que de facto a vida familiar de Brunetti é mencionada, embora de forma mais contida.
Em suma, o terceiro livro de Donna Leon aguçou-me para continuar a saga de Brunetti. É uma série que, até então, se tem mostrado original. Apesar de ter o mesmo ambiente em Veneza protagonizado pelas mesmas personagens, os enredos e os casos criminais são distintos e intrigantes.
Apesar de este Vestido Para A Morte não constar entre os meus livros preferidos da autora, foi uma agradável leitura.
Tenho todos os livros da Donna Leon publicados em Inglês. Só os consigo ler na língua original. E não me perguntes porquê uma vez que leio muitos outros autores traduzidos. Mas a Donna Leon tem mesmo de ser em Inglês. Soa melhor, não sei. Adoro a autora!
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