William Peter Blatty - O Exorcista [Opinião]

Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1971, O Exorcista tornou-se não só um fenómeno literário como um dos livros mais assustadores e controversos alguma vez escritos. A história centra-se em Regan, a filha de doze anos de Chris MacNeil, uma ocupada actriz que reside em Washington D.C. A criança aparenta estar possuída por um demónio ancestral e cabe a dois padres a dura tarefa de o exorcizar, arriscando a sanidade e a própria vida. O Exorcista transcendeu as páginas escritas e saltou para o grande ecrã, onde se tornou uma referência incontornável do cinema. Mas se pensa que o filme é assustador, leia o livro. Até porque o filme nem chega a aflorar a ponta do iceberg! Propositadamente crua e profana, O Exorcista é uma obra com a capacidade de nos chocar, levando-nos a esquecer que "é apenas uma história"

Opinião: Estamos em Outubro, mês considerado como o do terror, por antecipar o Halloween dia 31. Em jeito de celebração, está a decorrer a Spook-a-Thon, da qual vos falei neste post e incluí O Exorcista logo no primeiro desafio (livro com capa ou título que te assuste). E de facto, creio que é consensual, a capa faz jus ao desafio.

Embora não opte muito por leituras de terror, é certo que este é o género que mais aprecio no cinema. Já vi inúmeras vezes o filme de 1973, tendo-me impressionado não só por tratar um tema delicado, como por ser o pioneiro do género na década de 70. 

Creio que toda a gente saberá o mote da história: uma menina é possuída por uma entidade demoníaca, o Pazuzu, da mitologia suméria.  Inicialmente, os sinais desviantes que a menina apresenta reflectem um possível transtorno de personalidade, explicação de vários médicos que, conforme é do conhecimento geral, são mais lógicos e pragmáticos do que uma teoria à luz da religião. O que acontece na realidade, independentemente do que pressupomos sobre o tema, é que ela terá sido mesmo possuída e há que ser sujeita a um exorcismo.

O ponto número 1 é claro, trata a dicotomia entre a ciência e a religião que se instala ao longo da trama. Terá a ciência a resposta para todos os comportamentos desviantes que se manifestam nas pessoas da sociedade? A trama responde que não. Há fenómenos que parecem ser tratados de uma forma eficaz recorrendo à igreja e, em particular, aos exorcismos. Creio que outrora seria mais comum esta prática, não me parece que a mesma seja corriqueira nos dias de hoje. 

A obra está muito fiel à adaptação cinematográfica embora reconheça alguns pormenores que creio terem sido descurados no filme. Como é habitual (eu sou da opinião que os livros são superiores às suas adaptações em filme). Para mim, a Regan era a Linda Blair e consegui visualizar, no decorrer da leitura, todas as cenas chocantes do filme. 

É, portanto (e à semelhança da adaptação cinematográfica), uma obra que impressiona devido às cenas gráficas que abundam na segunda parte da história, altura em que o comportamento do Regan começa a alterar por completo. E neste campo, considero que o livro agrega sensações de tensão e medo bastante acentuadas.

Uma vez que já vi o filme (inúmeras vezes até), o livro não me trouxe surpresas de maior.
Imagino desconhecer a história e, nesta perspectiva, creio que a mesma não é previsível, talvez com excepção do resultado da luta entre o bem e o mal.

Remato dizendo que, embora o tema do exorcismo não seja o meu preferido em matéria de terror, não pude deixar de ficar impressionada com esta obra. Um livro perturbador e que se encaixa perfeitamente na quadra de Halloween. Entendo agora a razão pela qual a obra se tornou consagrada no género do terror. Gostei muito!