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Opinião: Fico sempre muito satisfeita com a publicação de um policial nórdico. Por alguma razão que desconheço, estes fascinam-me e Arnaldur Indriðason, autor islandês, não é excepção. Já li todos os seus livros publicados em Portugal e gosto do desenvolvimento da série protagonizada por Erlendur Sveinsson.
Depois de publicar A Voz e O Mistério do Lago (que correspondem respectivamente aos quinto e o sexto livros protagonizados pelo inspector Erlendur) a Porto Editora publica A Mulher de Verde, o quarto desta série. Fiquei bastante satisfeita pois apesar de ser grande fã das histórias de Indriðason e do protagonista e tenciono seguir esta saga cronologicamente, embora o meu livro de estreia tenha sido o terceiro, Laços de Sangue (edição que segundo consta até está actualmente esgotada).
Mais tarde, ao ler A Voz e depois O Mistério do Lago, constatei um salto na narrativa e subitamente, os problemas que Erlendur tinha desenvolvido com os filhos, estavam, de certa forma, atenuados. Voltar atrás na história, lendo agora o quarto livro, retomo ao que havia ter conhecido em Laços de Sangue, nomeadamente sobre a personagem Eva Lind e que vai ao encontro com a primeira impressão sobre a personagem. Este livro em particular faz alusão à origem do afastamento dos filhos, algo que ainda estava por esclarecer.
Por isso A Mulher de Verde é, para quem não consegue ler o primeiro livro em português, um bom ponto de partida para se iniciar nesta série de policiais cujo cenário é a capital islandesa, Reiquejavique.
Posto isto, e dado que estou relativamente familiarizada com a série, constatei que as investigações debruçam-se em moldes diferentes dos outros livros. Em A Mulher de Verde, de uma descoberta de ossadas que remotam a mais de cinquenta anos, surge uma arrepiante história de violência doméstica que impressiona genuinamente o leitor. Afinal de contas, o leitor não se poupa a pormenores de acontecimentos dolorosos pela qual passou uma personagem feminina com três filhos menores. Sobre ela nada sabemos, nem o seu nome, elementos facultados quase no final da narrativa.
Ainda que o autor não distinga temporalmente as acções passadas e actuais, os cenários induzidos foram fulcrais para que o leitor discernisse os momentos em que ocorreram as subnarrativas.
Achei interessante que o autor fizesse a alusão à Segunda Guerra Mundial de uma forma pouco flagrante e bem distinta do que acontecera no livro O Mistério do Lago.
É de fácil percepção que estas ossadas estão relacionadas com o caso de violência doméstica, embora o leitor não se aperceba como. A ligação é de facto pouco explícita. Não é um livro cuja resolução do caso seja surpreendente, contudo, o que impressiona e torna-o um page turner, são os vários fragmentos de pistas que os arqueólogos detectam em conjunto com o relato extremamente impressionante dos maus tratos e a dor psicológica que estes acontecimentos trazem não só à mulher como aos filhos. Dor esta sentida também por Erlendur que tenta desesperadamente salvar a filha Eva Lind. Além da própria investigação ser cativante, a história inerente ao inspector também o é por abordar a temática da toxicodependência.
Para mim, a leitura de A Mulher de Verde foi mais do que ler um simples policial, foi também viajar para Reiquejavique contemporânea embora sempre presente a história do país. E acaba por ser este facto que distingue Indriðason de tantos outros policiais escandinavos. Sabe-se que nos tempos da Segunda Guerra Mundial, o país manteve um estatuto de neutralidade mas mais tarde a capital acabou por albergar soldados britânicos. E a ficção a partir deste facto verídico pode assumir várias formas. A Mulher de Verde é apenas uma constatação do que afirmo.
A chamada Reykjavík Murder Mysteries é uma série cativante, não só pela personagem fascinante que é Erlendur (e complexidade da interacção familiar) bem como pelas várias investigações criminais alusivas a casos únicos e originais. Eu recomendo!
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